A desaceleração nos preços de alimentos no segundo semestre do ano passado contribuiu para diminuir a diferença entre o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que fechou 2016 em 6,29%, e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), parâmetro para as negociações de salários, que atingiu 6,58%, conforme os dados divulgados pelo IBGE.
Desde o último trimestre de 2015, quando os preços de alimentos começaram a subir, os dois indicadores descolaram e o INPC passou a registrar níveis cada vez mais altos, fechando o ano em 11,28%, contra 10,67% do IPCA. O grupo alimentação e bebidas respondeu por 3,77 pontos do total, 33,4% do índice em 2015. No IPCA, foram 3 pontos, 28,11% dos 10,67%. O peso é maior porque o INPC considera o impacto da variação de preços para consumidores de renda até 5 salários mínimos. Para essa faixa, o peso da despesa com alimentação é maior. No IPCA, o corte é de até 40 mínimos.
A distância cresceu ainda mais, atingindo o pico em julho, quando o preço do feijão disparou e a diferença entre os dois indicadores, no acumulado em 12 meses, chegou a 0,82 ponto – INPC a 9,56% e IPCA, 8,74%. A partir de setembro, o INPC passou a desacelerar em ritmo mais intenso, ajudado pelo comportamento do grupo alimentos e bebidas, que chegou a mostrar deflação em alguns períodos.
A tendência de convergência entre os dois índices deve se manter em 2017, avalia José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do banco Fator, diante das notícias de safras recordes e da ausência do El Niño, que se manifesta a cada dois anos. “Vai melhorar a inflação dos mais pobres. O peso de alimentação no INPC é 31,5%, contra 25,8% no IPCA.”