Denise Neumann | De São Paulo
Uma comparação preliminar da nova pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua, divulgada pela primeira vez na última sexta-feira, mostra que a ocupação cresceu mais fora das grandes regiões metropolitanas entre o segundo trimestre de 2012 e o mesmo período de 2013. A pesquisa também indica que a qualidade da ocupação é melhor nas regiões metropolitanas, onde o percentual de trabalhadores contratado com carteira assinada é superior ao da média do país.
A Pnad Contínua engloba cerca de 3,5 mil municípios e vai substituir, a médio prazo, a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) – que monitora seis regiões metropolitanas – como principal indicador do comportamento do mercado de trabalho no país. As pesquisas têm algumas diferenças metodológicas e de critérios, mas eles não chegam a comprometer uma comparação entre as duas. Uma das principais diferenças é que a Pnad Contínua considera como força de trabalho as pessoas a partir de 14 anos, enquanto a PME (que seguia metodologia internacional anterior) colocava nesse grupo as pessoas a partir dos 10 anos. Como, contudo, pela PME, apenas 1% da população entre 10 e 14 anos vinha se considerando integrante do mercado de trabalho, as comparações são possíveis porque esse contingente é pouco expressivo.
Olhando o segundo trimestre de 2012 e o mesmo período de 2013, a taxa de desocupação de 5,9% nas seis regiões metropolitanas que compõem a mostra da PME é menor que a taxa média do país medida pela Pnad contínua, de 7,4%. Entre os dois períodos, contudo, a ocupação (que reflete a oferta de empregos) cresceu mais na média do país (1,1%), que nas regiões metropolitanas (0,5%), sempre relacionando os segundos trimestres de 2012 e 2013. A população em idade ativa (conceito da PME, incluindo crianças de 10 a 14 anos) aumentou 1,1%, enquanto na Pnad Contínua ela aumentou 0,99% (critério de força de trabalho a partir dos 14 anos).
A Pnad Contínua também confirma uma tendência recente do mercado de trabalho, que é o aumento na proporção de pessoas que não querem, no momento, se inserir no mercado de trabalho. Na Pnad Contínua esse grupo é chamado de “pessoas fora do mercado de trabalho” e ele cresceu 1,9% no período em análise, bem acima do crescimento da própria força de trabalho (1%) e da população ocupada (1,1%). Esse fenômeno também apareceu na PME. Nas regiões metropolitanas, a chamada Pnea (população não economicamente ativa) subiu 1,7%, para uma PEA que subiu 0,5%, sempre na comparação entre o segundo trimestre de 2012 e igual período de 2013.
Outra diferença entre as pesquisas é o percentual de pessoas com carteira de trabalho assinada, característica que indica maior ou menor precarização do mercado de trabalho. Na Pnad contínua, quando se somam empregados no setor privado e empregados domésticos, os com carteira assinada eram 70% do total em 2012 e passaram para 71% em 2013, sempre considerando o segundo trimestre. Na PME, os mesmos percentuais eram maiores: 77% e 78,6%.