Pelo menos duas grandes consumidoras do aço nacional devem entrar em breve com o pedido
Estelita Hass Carazzai
Enquanto o governo brasileiro negocia com os Estados Unidos uma isenção da tarifa sobre o aço, siderúrgicas americanas e que compram o aço importado estão recorrendo ao Departamento do Comércio para pedir exclusões das sobretaxas –numa segunda via para retirar o Brasil da medida.
Pelo menos duas grandes consumidoras do aço nacional devem entrar em breve com o pedido: a Vallourec, que tem uma subsidiária no Brasil, e a California Steel.
As empresas ainda estudam como farão a petição, que é considerada extensa e complexa. É necessário fazer um pedido específico para cada item importado, de cada país fornecedor. O prazo foi aberto nesta semana.
Mesmo assim, o recurso é considerado essencial. O principal argumento é que o aço importado, em especial o brasileiro, complementa a produção americana.
“É preciso fazer um ajuste fino nessa medida. Do contrário, o remédio vira veneno”, afirmou à Folha o empresário Marcelo Botelho, presidente da California Steel.
A empresa, uma das maiores siderúrgicas da costa oeste dos EUA, importa 96% do insumo –cerca de metade dela vem do Brasil, assim como do México e Japão.
Seus clientes são americanos, entre indústrias de construção civil e fabricantes de equipamentos agrícolas e ar-condicionado.
O diretor da California Steel é brasileiro, já trabalhou para a Vale (que é uma das acionistas da empresa) e assumiu a presidência da companhia americana há cerca de dois anos.
Ele nega qualquer tipo de protecionismo ao aço brasileiro.
O processo de avaliação no Departamento de Comércio dura 90 dias. Nesse período, as companhias devem assumir o custo extra “”e se preocupam por quanto tempo conseguirão se manter.
Desde que o presidente Donald Trump anunciou a medida, no início deste mês, o preço do aço nos Estados Unidos aumentou entre 10% e 20%.