Do UOL, em São Paulo
Os juros altos são uma arma usada por governos para combater a inflação, mas há efeitos colaterais: eles atrapalham o crescimento do país.
Uma economia aquecida em geral é bom para todos: há mais vendas para os empresários e mais empregos e consumo para os trabalhadores.
No entanto, se há muita procura de produtos, eles podem ficar escassos e passarem a custar mais caro, causando inflação.
Inflação não pode estourar a meta
O Brasil possui um sistema de metas para inflação que foi instituído em junho de 1999 pelo Banco Central (BC). O indicador considerado é o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Para manter o nível de inflação esperado, o governo faz uso da política monetária, por meio da taxa básica de juros, a Selic.
Assim, caso o BC observe que a inflação corre o risco de superar a meta, a tendência é elevar os juros.
A taxa de juros foi o instrumento escolhido pelo governo, pois ela determina o nível de consumo do país, já que a taxa Selic é utilizada nas transações bancárias e, portanto, influencia os juros de todas as operações na economia.
Juros na vida real são muito mais altos que a Selic
A Selic é utilizada pelos bancos apenas como uma referência. A partir dela, as instituições financeiras definem quanto vão cobrar por empréstimos às pessoas e às empresas. Os bancos e financeiras podem cobrar quanto quiserem, de acordo com o mercado.
E os juros pagos pelos consumidores são muito mais altos. Por exemplo, segundo dados divulgados pelo BC, a taxa de juros do cartão de crédito em agosto chegou a403,5% ao ano.
Quando os juros do país estão altos, o consumidor tende a comprar menos, porque a prestação de seu financiamento vai ser mais alta. Uma geladeira ou um carro ficam mais caros. Ele desiste de comprar e isso, em tese, faz o preço cair, derrubando também a inflação.
Preço deve cair se a procura for menor
Segundo a lei da oferta e da procura, quanto maior a demanda por um determinado produto, mais elevado é o seu preço.
Do contrário, se uma mercadoria ou serviço não forem tão procurados, o preço tende a cair para atrair mais compradores.
A taxa de juros é definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom), um órgão do BC, em reuniões que ocorrem a cada 45 dias em Brasília.
Desse encontro participam o presidente do Banco Central e diretores de política monetária e econômica da instituição.
Investidores ganham com juros altos
Os juros altos são benéficos para os investidores. Quem compra um título do governo baseado em juros, por exemplo, recebe mais se a taxa estiver subindo.
Crescimento do país fica travado com taxa elevada
No entanto, uma taxa alta prejudica a maioria da população, que paga crediários maiores, e os empresários, que encontram dificuldades para vender sua produção e expandir negócios, pois fica caro comprar máquinas, por exemplo.
As empresas também investem menos, porque custa tomar empréstimos para produção.
Isso aumenta o desemprego e piora o consumo. As empresas vendem menos, e então um ciclo negativo se instala (quanto menos vende, menos emprego gera)
Essa situação deixa a economia com menos força, o que afeta o PIB (Produto Interno Bruto).