Fotos Tiago Santana |
A aprovação pelo Senado da emenda à Constituição que estende aos empregados domésticos todos os direitos dos demais trabalhadores regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) foi comemorada pelas trabalhadoras durante o ato realizado na Praça do Patriarca (centro) para o fechamento do Março Mulher.
O ato foi organizado pelo Fórum Nacional de Mulheres Trabalhadoras das centrais sindicais – Força Sindical, CTB, UGT, CGTB e Nova Central.
“Estou orgulhosa de ter participado do processo do reconhecimento dos direitos das domésticas. Assinamos um documento entregue ao governo reivindicando a aprovação das trabalhadoras deste setor”, declarou Maria Auxiliadora dos Santos, secretária Nacional da Mulher da Força Sindical, pouco antes da apresentação de uma encenação feita pelo grupo Pombas Urbanas, da zona leste, sobre temas como a violência contra mulher e igualdade e oportunidade.
“A partir de agora vamos fiscalizar o cumprimento da lei”, informou Auxiliadora. Segundo ele, as representantes da Central acompanharam cada passo da tramitação da PEC (proposta da emenda a Constituição) no Congresso. “Quando eu não ia, a Ruth Coelho Monteiro, secretaria de Direitos Humanos da Força Sindical, ia às reuniões e debates”, contou Auxiliadora.
A mobilização em favor das domésticas ocorreu no mundo inteiro, enfatizou Neuza Barbosa, ex-secretaria nacional da Mulher, ao lembrar a forte atuação da UITA (União Internacional dos Trabalhadores da Alimentação) nesse sentido. Já para Maria Euzilene Nogueira, a Leninha, do Sindicato dos Metalúrgicos SP, com a conquista dos direitos trabalhistas, as domésticas que sempre trabalharam nas casas, como se estivessem escondidas, emergiram como uma categoria na consciência das pessoas.
“Foi uma conquista importante. Foi o marco de 2013”, declarou Vilma Pardinho, diretora da Mulher do Sindiquímicos de Guarulhos. A diretora do Sintetel, Edna Medeiros, considerou um avanço os benefícios das domésticas e alertou que as entidades devem lutar por curso de qualificação para as domésticas e para outras categorias.
Para Helena Henrique Guilherme, diretora de Relações Trabalhistas do Sindirefeição SP, estender os benefícios de todos trabalhadores para as domésticas é importantíssimo. Já Viviane Cristine de Camargo, afirmou que as domésticas sofriam muito abuso e a lei servirá para colocar ordem nesta área. A sindicalista Renata Grota, diretora do Sindicato dos Servidores Municipais de Guarulhos considerou que a aprovação dos direitos das domésticas era mais que necessária.
“Para as mulheres de forma geral conquistamos avanços, mas falta implementar muitas conquistas”, disse Helena Henrique Guilherme, diretora de Relações Trabalhistas do Sindicato das Refeições Coletivas. Ela defende mais rigor no cumprimento da lei Maria da Penha.
Mais empregos
Na área da construção civil precisamos de mais empregos para mulheres as obras, disse Jousi de Oliveira, diretora do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil SP. O sindicato, afirmou, é parceiro para formação de trabalhadoras para trabalhar na área e formou 400 pessoas.
Reivindicações
Gertrudes da Silva Gomes Brandão, secretaria da Mulher do Sindirefeições SP: “ainda temos muito a conquistar. Deveria ter creche noturna porque tem mulheres que conseguem emprego à noite e não podem aceitar porque não têm com que deixar os seus filhos. Ser mulher é algo que ainda temos de conquistar”.
Aparecida Carmelita de Souza, diretora do Sindicato das Costureiras de SP e Osasco: “temos direitos garantidos e batalhamos para colocá-los em prática porque ainda tem empresas que não dão auxílio-creche”.
Para Maria Andreia Cunha Matias, coordenadora do Departamento da Mulher no Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André, “falta mais espaço para mulheres no mercado de trabalho. Defendemos igualdade salarial, pois as mulheres têm tanta capacidade quanto os homens”.
Trabalhadores em Edifícios
Este setor caracteriza-se pelo machismo. São pouquíssimas zeladoras.” Queremos igualdade e respeito dos moradores dos prédios”, disse Nadir Giovanini, assessora da diretoria do Sindifícios.
Francisca Gomes, diretora das mulheres do Sindifícios (Trabalhadores em Edifícios) e Rita Andrade Manja, ex-zeladora, contaram que sofreram assédio moral e sexual.
Eletricitários
Categoria majoritariamente masculina agora tem uma diretora das Mulheres, Regina Strepeckes. “Conseguimos porque o presidente valoriza as mulheres”, disse.
Leninha, diretora do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo |
Coordenadora Ester (à direita), dos metalúrgicos, Maria Auxiliadora (no centro), secretária da Mulher da Força, participou da manifestação |
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Em seminário nacional realizado em maio de 2012, em Brasília, diretoras da Força Sindical manifestaram apoio à luta das trabalhadoras domésticas de todo o Brasil em prol da ratificação da Convenção 189 da OIT (Organização Internacional do Trabalho). A Convenção trata do Trabalho Decente para as Trabalhadoras e os Trabalhadores Domésticos Na foto, a diretora Leninha (agachada), do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, e Auxiliadora (em pé), secretária da Mulher da Força |