Por Assis Moreira | De São Petersburgo (Rússia)
Empresas que derem emprego a jovens poderão receber subsídios para pagar parte desses salários. Essa é uma das promessas com que as maiores economias desenvolvidas e emergentes, que formam o G-20, vão acenar nesta semana em São Petersburgo.
As economias que representam mais de 80% da produção mundial vão declarar uma “prioridade mundial” a promoção do emprego para jovens, que têm três vezes mais probabilidade de estar sem trabalho do que os adultos, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Conforme documento do G-20, ao qual o Valor teve acesso, o desemprego e o subemprego em vários países, particularmente entre os jovens, continua a ser um dos maiores desafios na economia mundial e “como resultado, todas as economias do G-20 estão enfrentando desafios em termos de produtividade e crescimento”.
Nesse cenário, os líderes do G-20 se dizem comprometidos em encontrar “maneiras inovativas para encorajar as empresas a contratar jovens oferecendo redução de custos trabalhistas ou subsídios para o salário desses jovens”.
Para os líderes, criar empregos para absorver milhões de jovens que entram no mercado de trabalho e aqueles que começam a ter desemprego de longa duração é essencial para reforçar demanda e estimular crescimento, reduzir pobreza e elevar a coesão social.
Além de reformas tributárias favoráveis a empregadores, acenarão com flexibilização do mercado de trabalho com adequada proteção do emprego, “conforme as circunstâncias nacionais”.
Os líderes prometerão também apoio para motivar jovens empreendedores e “start-ups”.
A reação do G-20 vem no rastro de protestos sociais em vários países e das advertências da OIT, de que o desemprego continuará aumentando nos próximos cinco anos entre a população jovem, definida como aquela com idade entre 15 e 24 anos. Atualmente, a taxa de desemprego globalmente nesse segmento aumentou de 11,5% em 2007, no começo da crise, para 12,4% neste ano e pode chegar a 12,8% em 2018.
A OIT fala de “geração ferida”, enfrentando um misto perigoso de alto desemprego, crescente inatividade ou trabalho precário nas nações desenvolvidas, e de trabalho mal pago nos países em desenvolvimento.
A Europa é uma das mais interessadas numa mensagem firme do G-20 sobre crescimento e emprego. A zona do euro saiu da recessão, mas o desemprego continua com a taxa recorde de 12,1%. Pior ainda, o desemprego dos jovens alcançou 24% em julho.
Em países como Portugal e Espanha, essa taxa chega aos 50%. Analistas na zona do euro veem risco de as empresas continuarem a segurar a contratação de empregados, diante das incertezas que continuam pesando sobre economia global.
Subsídios para empresas contratarem jovens já vêm sendo dados em países como Canadá, França e Reino Unido, sob certas condições. Na África do Sul, uma experiência piloto mostra que o subsídio melhora as chances de emprego em cerca de 25%. Pelo plano sul-africano, os empregadores recebem ajuda estatal para pagar metade do salário no primeiro ano e 20% no segundo.
O combate ao desemprego é visto no G-20 como essencial para ajudar a restaurar a confiança na economia global. A questão é implementar as ações, ao invés de se limitar a discursos.