A General Motors ameaça demitir mais 650 funcionários da fábrica de São Caetano. A informação foi passada ontem pelo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, que negocia com a empresa alternativas para evitar os cortes. Procurada pela equipe do Diário, a montadora não retornou as ligações nem os e-mails para comentar a respeito.
Em julho, a empresa já havia mandado embora 419 que estavam suspensos. A entidade dos trabalhadores propõe à empresa um novo lay-off (suspensão temporária dos contratos de trabalho) para esse excedente e também reivindica, segundo Cidão, a prorrogação da suspensão de 781 que estão afastados e retornariam à fábrica no mês que vem – parte deles, em torno de 260, está em casa desde o fim de outubro de 2014 e voltaria dia 9; e os restantes, que estão suspensos desde maio deste ano, retornariam ao trabalho dia 16.
Na sexta-feira, houve assembleia em que o sindicato consultou os empregados sobre a possibilidade de conversar com a companhia em relação à extensão do lay-off. Pela legislação, após primeiro período de suspensão (com até cinco meses de duração), em que os funcionários recebem parte de seus rendimentos complementada com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) – uma bolsa de qualificação equivalente ao valor de seguro-desemprego –, o empregador pode fazer a prorrogação desde que arque com o correspondente ao salário líquido do funcionário. Desde o início, é necessário que a pessoa frequente os cursos do Senai, para ter direito ao rendimento. Pela legislação, o contrato só pode ser suspenso uma vez a cada 16 meses. Cidão é contra o PPE (Programa de Proteção ao Emprego), porque ele afirma que esse instrumento legal reduz salários. Isso embora o PPE, por lei, defina estabilidade pelo período de sua duração mais um terço do tempo.
Trabalhadores suspensos se mostram preocupados sobre o futuro de seus empregos e também reclamam que o sindicato não os informa do que está ocorrendo. “A assembleia foi na porta da fábrica e nem ficamos sabendo”, diz um deles, que prefere não ter seu nome divulgado.
ESTOQUE CHEIO – A montadora, que hoje conta com 9.800 empregados nessa unidade fabril, estaria ameaçando demitir por causa do ritmo fraco das vendas e do estoque cheio. Durante a assembleia de sexta-feira, Cidão disse que a montadora “não tem lugar para colocar carro”, de tantos veículos nos pátios, por causa da demanda fraca. “Estão levando 500 ou 600 carros para o clube de campo, no Riacho Grande”, diz.
De janeiro a agosto, o mercado de veículos zero-quilômetro no País está com queda de 21,4% em relação ao mesmo período de 2014. Já no caso da GM, nos primeiros oito meses do ano registra retração de 29% nos licenciamentos de automóveis e recuo de 25,5% nas vendas de comerciais leves.