Governo irá propor nova fórmula de reajuste do mínimo, diz líder

Proposta tentará substituir projeto que estende atual regra até 2019.
Texto está emperrado por conta de impasse envolvendo aposentados.

Fernanda Calgaro
Do G1, em Brasília

O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), afirmou nesta terça-feira (24) que o Palácio do Planalto deve enviar ao Congresso Nacional, até esta quarta (25), uma nova proposta de reajuste para o salário mínimo. O parlamentar petista, contudo, não antecipou qual modelo de correção será sugerido pelo Executivo federal.

O novo texto substituiria o projeto de lei aprovado há duas semanas pela Câmara que estende, até 2019, as atuais regras de correção anual do salário mínimo. Na ocasião em que o projeto foi submetido à votação no plenário, o relator da matéria, deputado André Figueiredo (PDT-CE),  tentou estender a regra de reajuste do mínimo para os aposentadorias.

A iniciativa gerou divergência na base governista e desagradou o governo em razão do impacto que a medida poderia causar nas contas públicas. Por meio de acordo, os parlamentares decidiram votar apenas a manutenção da norma até 2019 e adiaram a análise da regra para os aposentados. O trecho referente aos aposentados está na pauta de votações da Câmara desta terça.

“Não podemos vincular a questão do reajuste do salário mínimo com a previdência”, ponderou Guimarães durante entrevista coletiva na Câmara.

Segundo o líder do governo, o Palácio do Planalto está empenhado em aprovar o reajuste para o salário mínimo até o dia 1º de Maio, feriado internacional do trabalho.

“Se ficarmos nesse fio desencapado [impasse sobre reajuste para os aposentados], vai chegar 1º de Maio e não teremos uma solução”, enfatizou.

Para conseguir colocar em votação outro projeto de reajuste do salário mínimo, o governo terá antes que conseguir retirar da pauta o texto que já foi aprovado no início do mês, mas que ainda não teve a votação concluída.

A atual regra de valorização do mínimo, em vigor desde 2011, vale somente até o fim deste ano. Por isso, o Congresso precisa definir que fórmula será utilizada a partir do ano que vem.

A legislação vigente determina que o mecanismo de atualização do salário mínimo seja calculado com a correção da inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do ano anterior, mais a variação do PIB de dois anos anteriores. O texto que já foi aprovado mantém esse mesmo cálculo.

Negociação com a base
Na manhã desta terça, José Guimarães participou de uma reunião na sede do Executivo com líderes da base aliada e os ministros Joaquim Levy (Fazenda), Pepe Vargas (Relações Institucionais) e Carlos Gabas (Previdência). O líder do governo relatou que, durante o encontro, Levy agradeceu o esforço dos líderes em votar projetos com o governo.

No início da tarde, durante entrevista no Palácio do Planalto, o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, disse que o artigo 7º da Constituição impede indexações ao salário mínimo. De acordo com ele, cada ponto percentual de aumento no reajuste dos aposentados custa R$ 2 bilhões aos cofres da Previdência Social.

“Dois terços dos aposentados tiveram crescimento de 74% em sua remuneração nos últimos dez anos, o maior crescimento da história, e todos os demais [apostentados] recebem [reajuste pelo] INPC [Índice Nacional de Preços ao Consumidor]. Agora, cada um ponto percentual de aumento no reajuste dos aposentados tem impacto fiscal nas contas da Previdência de R$ 2 bilhões. (…) Agora, ninguém tem perda porque está assegurado o INPC cheio para todos os demais aposentados”, argumentou o chefe da Casa Civil.

Em meio à entrevista, Mercadante disse estar confiante de que deputados e senadores conseguirão um entrar em acordo para assegurar a política de reajuste do salário mínimo. “Tenho confiança, pela reunião que tivemos, que a Câmara encontrará um bom caminho para equacionar essa questão”, ressaltou.