Todas as 18 atividades industriais de São Paulo pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentaram queda em julho, na comparação com o mesmo mês do ano passado. Ao todo, o tombo foi de 12%, bem abaixo da média nacional de 4,9%, de acordo com a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) Regional. “O que a gente vê é uma queda bastante generalizada, independentemente dos recortes das categoria econômicas”, afirmou Rodrigo Lobo, pesquisador da coordenação de indústria do IBGE.
Essa foi a segunda vez na série histórica que a indústria paulista apresenta resultado de queda tão generalizado – a outra vez foi em maio deste ano. São Paulo é também é o único Estado que repete os resultados de 17 taxas negativas consecutivas que a média brasileira tem nesse tipo de comparação. “A sequência de taxas negativas impressiona”, disse o economista.
Entre julho de 2014 e o mesmo mês deste ano, a produção de alimentos caiu 14,6%, veículos automotores, 19,5% e equipamentos de informática e produtos ópticos, 46%. O resultado negativo no mês elevou a depressão da indústria paulista, que está 19,5% abaixo do pico histórico registrado em março de 2011. É o segundo momento mais baixo do setor, apenas em dezembro de 2008 a indústria esteve pior, quando operava a 21,5% de seu melhor momento.
Análise do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), a tendência é que a indústria paulista continua em queda. “A perda de participação da atividade industrial paulista na indústria de transformação do país ocorre devido à crise severa pela qual essa mesma indústria passa”, diz o texto. E o tombo, segundo o Iedi, é mais intenso em São Paulo.
A produção industrial diminuiu em oito dos 14 locais pesquisados em julho, ante junho. Na comparação com o mesmo período do ano passado, houve queda em 11 de 15 locais. Entre junho e julho, os Estados do Paraná (-6,3%) e do Ceará (-5,2%) registraram as maiores quedas de produção. Em relação a julho do ano passado, Amazonas (-18,2%), Ceará (-13,7%), São Paulo (-12%) e Paraná (-11,5%) tiveram os recuos mais intensos.
Os dados da pesquisa mostraram ainda que a indústria automotiva apresentou resultados desiguais entre os Estados no mês de julho. Ante junho, a produção de veículos automotores, reboques e carrocerias subiu 1,4%.
A indústria em geral de Rio Grande do Sul (6,8%) e Bahia (5,2%) foi a que teve melhor desempenho por causa da maior produção de veículos em julho, segundo o IBGE, que não informa dados específicos sobre a produção de automóveis com ajuste sazonal.
A alta da indústria geral gaúcha interrompe uma sequência de três quedas seguidas, quando o setor acumulou perda de 7,3%. Foi a maior taxa desde novembro de 2010 (10,4%). “Além da base baixa de comparação [em junho houve recuo de 3,7%], a produção retoma níveis de produção de 2013”, afirmou Lobo. Já a indústria baiana avançou pelo segundo mês consecutivo, de acordo com o IBGE.
Lobo indicou que o avanço da produção de automóveis nesses dois Estados pode estar relacionado ao ajuste de estoque, mas afirmou que as informações disponíveis ainda são insuficientes para confirmar os motivos do crescimento dessa produção.
Em contrapartida, São Paulo (-1,8%), Minas Gerais (-1,3%) e Rio (-0,9%) recuaram em julho. Os três Estados têm forte produção de veículos e em todos eles o setor apresentou queda.
Na avaliação do pesquisador do IBGE, o recuo reflete a baixa produção de bens de capital voltados para equipamentos de transporte. “Nos locais onde há produção desse tipo de produto não há essa recuperação recente na atividade de veículos automotores como um todo”, disse Lobo.