Por Camilla Veras Mota e Tainara Machado | De São Paulo
A indústria do Estado de São Paulo fechou 36,5 mil postos de trabalho em novembro, na leitura com ajuste sazonal, e deve chegar ao final de 2014 com cerca de 130 mil empregos a menos. No acumulado até o mês passado, 88 mil vagas foram fechadas. Os dados são da Pesquisa de Nível de Emprego da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Pela primeira vez, segundo a entidade, todos os 22 setores industriais sondados registraram demissões líquidas no Estado. O de produtos alimentícios foi que o mais demitiu em novembro: 17.579 funcionários. O ramo de máquinas e equipamentos fechou 3 mil vagas, seguido pelo setor de confecção de artigos do vestuário e acessórios, com 2.973.
A indústria de açúcar e álcool foi responsável por mais de 15,6 mil das 36,5 mil demissões em novembro deste ano e acumula um saldo negativo de 4.664 empregos. Além de condições climáticas adversas que aceleraram a colheita da próxima safra, o setor também atravessa uma das piores crises de sua história recente, segundo a Fiesp. Neste ano, ao menos 60 usinas foram fechadas no Centro-Sul do país, principal região produtora.
Na sondagem de novembro, o setor sucroalcooleiro registra, pela primeira vez na série histórica da pesquisa, iniciada em 2006, uma queda de 4,5% no emprego no acumulado do ano.
O Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp estima 40 mil demissões na indústria paulista em dezembro. Se realizado, o total de dispensas no ano será maior que o de 2009, ano de recessão no país, e o pior resultado desde o início da pesquisa, em 2006.
Para Paulo Francini, diretor do Depecon, o resultado “desastroso” é decorrente da retração de 3,5% do PIB da indústria de transformação esperada para este ano. “O setor está tendo que se ajustar a essa queda, em termos de emprego, mas isso não é um processo fácil, além de ser bastante custoso.”
O corte da produção ao longo de 2014, diz Francini, está relacionado a um conjunto de fatores. “Certamente, o desempenho do setor passa por uma taxa de câmbio inadequada, certa exaustão do processo de expansão de demanda, redução na concessão de crédito e abalo comercial em países parceiros, especialmente na Argentina, além de Copa do Mundo e eleições. Tudo isso fez deste ano uma porcaria.”
Em sua avaliação, a desvalorização recente do câmbio só deve ter algum reflexo positivo sobre o ramo manufatureiro ao longo de 2015. Ainda assim, a Fiesp projeta queda de 1,1% do PIB da indústria de transformação no ano que vem.
De 36 regiões consultadas, 34 registraram baixa de empregos na indústria, uma ficou estável e uma informou contratações pouco representativas. São Caetano do Sul foi a única região a registrar criação de vagas de trabalho, com uma variação positiva de 0,24%, influenciada por contratações da indústria de alimentos (0,26%).
A região de Jaú fechou com queda de 10,9% no emprego, por causa de demissões nos segmentos de produtos alimentícios (-17,82%) e de petróleo e biocombustíveis (-38,14%).