Por Eduardo Campos | De Brasília
Os Indicadores Industriais da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostraram um retrato mais positivo para o setor em agosto, e levaram a entidade a prever leve incremento da atividade nos últimos meses do ano. De acordo com a pesquisa, o faturamento real do setor cresceu 3,4% sobre julho, com ajuste sazonal, o segundo melhor resultado do ano, após retração de 1,5% em julho. Sobre agosto do ano passado, houve aumento de 1,3%.
A expansão do faturamento ocorreu em 14 dos 21 setores pesquisados. Destaque para o segmento madeira, que cresceu 20,7% sobre agosto de 2012, e para o grupo outros equipamentos de transportes, com avanço de 25,8% na mesma base de comparação.
Outro dado positivo em agosto veio do emprego no setor, que avançou 0,8% na comparação com o mês anterior (com ajuste sazonal), e teve expansão de 2% ante agosto de 2012. Já a massa salarial real na indústria avançou 0,3% ante julho, no dado deflacionado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e ajustado sazonalmente. Em comparação com agosto de 2012, o indicador avançou 2,9%.
O rendimento médio real em agosto de 2013, também deflacionado pelo INPC e com ajuste sazonal, subiu 0,1% ante julho e avançou 0,8% ante igual período de 2012. O número de horas trabalhadas subiu 1,3% no confronto mensal, com ajuste. Em relação ao mesmo mês de 2012 houve retração de 1,2%.
Os números da CNI traçam cenário mais positivo do que os divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na semana passada. A quase estabilidade (queda de 0,1%) vista em agosto na Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física frente ao mês anterior, após os ajustes sazonais, teve sabor de forte retração, na interpretação dos analistas ouvidos pelo Valor na semana passada, já que o dado de julho foi revisado para baixo – a queda no mês foi de 2,4%. Segundo analistas, os dados do IBGE reforçaram a ideia de que a economia brasileira pode se contrair na passagem do segundo para o terceiro trimestre.
A CNI estima que a indústria como um todo mostre crescimento de 1,4% em 2013 sobre 2012, com a indústria de transformação apontando alta de 2,4%. Para o Produto Interno Bruto (PIB), a CNI estima alta de 2,4%. “Não fizemos e não devemos fazer revisões substantivas até o fim do ano”, disse o gerente-executivo de política econômica da CNI, Flávio Castelo Branco. Ele espera que as oscilações entre alta e queda da atividade percam intensidade ao longo do ano e o setor tenha crescimento moderado.
Na avaliação do executivo, a indústria continua sendo afetada por dois vetores: o comportamento do câmbio e o ciclo de alta na taxa de juros. “Esses dois efeitos fazem com que o crescimento observado seja de magnitude moderada, mas de comportamento diferente de 2012, no qual a indústria se retraiu”, disse. Segundo o executivo, a mudança do patamar de câmbio, que saiu da linha de R$ 1,7 no ano passado, para R$ 2,2 recentemente, dá maior competitividade à indústria e, gradativamente, isso deve mostrar efeito na atividade industrial.
“O ciclo de alta de juros, por outro lado, iniciado em abril e que está para se completar”, disse ele, deixará o custo do dinheiro nos próximos meses e no começo de 2014 em patamar mais elevado que um ano atrás.
Entre os demais indicadores acompanhados pela CNI, o nível de utilização da capacidade instalada caiu de 82,3% em julho (dado revisado de 82,2%) para 82% em agosto, com ajuste sazonal. Com isso, o indicador se mantém há quatro meses na faixa dos 82%, a mesma observada em agosto do ano passado.