As empresas do Grande ABC cortaram 163 empregos com carteira assinada em abril. O número foi puxado principalmente pelo saldo negativo da indústria, que fechou 1.377 postos no mês. O número do primeiro quadrimestre é ainda pior. O saldo (diferença entre contratações e demissões) é de menos 620 vagas e somente a indústria fechou 4.103, ou seja, 34 postos eliminados por dia de janeiro a abril. A situação do mercado de trabalho da região só não foi mais dramática neste ano principalmente porque os serviços abriram 3.111 postos no período. Os dados são do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego).
O cenário mostra inversão em relação aos números do ano passado, quando o saldo no primeiro quadrimestre era 8.363 positivo. Somente em abril de 2013, houve a abertura de 3.247 vagas.
Conforme explica o professor de Economia da Universidade Metodista de São Paulo, Sandro Maskio, os números deste ano são reflexo da desaceleração que a indústria automobilística do País vem enfrentando. “O setor tem dois impasses. Se eu olhar para o mercado interno vejo que o carro ficou mais caro, o financiamento também e o incentivo ao imposto foi retirado. Em relação ao externo, a Argentina, principal destino de exportações, passa por uma crise cambial e isso deixou muito cara nossa exportação de caminhões.”
Para Maskio, esse cenário impacta também no setor de autopeças, já que “quando a indústria sofre, acaba diminuindo a demanda junto aos fornecedores. Ou seja, acaba sendo um fator negativo para quem depende dela”, disse.
O vice-diretor da regional de São Bernardo do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Mauro Miaguti, esperava saldo ainda mais negativo. “Eu esperava algo pior por causa do pessimismo da região, já que vemos montadoras sofrendo processo de desligamento de muitos funcionários. Além disso, há aproximadamente dois anos, os empresários vêm sofrendo com a falta de uma política industrial. Diminuem o imposto, mas isso não é feito por tempo grande, de forma que não há garantias.”
O comércio também teve redução de vagas no quadrimestre. Foram 1.659 vagas fechadas. “Acaba sendo normal, já que no início do ano, as lojas acabam mandando embora as contratações temporárias feitas para suprir a demanda do Natal”, disse Maskio.