O aumento dos preços registrado no Brasil em fevereiro ficou em 1,22%, o mais alto
para o mês desde 2003.
Considerando o período de 12 meses (de março de 2014 a fevereiro de 2015), a
inflação acumulada é de 7,7%, a maior desde maio de 2005, quando foi de 8,05%.
As informações foram divulgadas nesta sexta-feira (6) pelo IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística), que calcula o IPCA (Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo).
O objetivo do governo é manter a inflação em 4,5% ao ano, com tolerância de dois
pontos percentuais para mais ou para menos –ou seja, pode variar entre 2,5% e
6,5%.
Se a inflação passar desse teto, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini,
tem que fazer uma carta aberta explicando o motivo do descumprimento da meta.
Impostos e dólar
A economista do IBGE Eulina Nunes dos Santos disse que a alta de impostos
teve uma influência significativa para a inflação de fevereiro. “Houve impacto do PIS/Cofins na gasolina, do IPI
[Imposto sobre Produtos Industrializados] nos carros e itens de perfumaria”,
afirmou.
Ela ainda citou o impacto do dólar, que subiu 6,19% sobre o real
em fevereiro e mantém a trajetória de alta, o que deve continuar afetando a inflação.
“O que se vê agora é uma inflação represada no ano passado que veio para este
início de ano. Nos últimos anos, itens monitorados, como ônibus, gasolina e energia
vinham contribuindo muito para conter a taxa, e nesse início de ano a pressão
[deles] tem sido forte e isso tem modificado o perfil do IPCA”, disse.
Aumento do combustível pesou na inflação
Em fevereiro, a gasolina foi o item que mais pesou na inflação. Sozinha, ela foi
responsável por um quarto do indicador. O preço do combustível subiu 8,42%,
refletindo o aumento de impostos que entrou
em vigor no início do mês.
Também foram atingidos pelo aumento de impostos o etanol, que subiu 7,19%, e o
óleo diesel, com aumento de 5,32%.
Com o combustível mais caro e o aumento no preço da passagem, os gastos com06/03/2015 Inflação em 12 meses fica em 7,7% e é a maior desde maio de 2005
Segundo o IBGE, os gastos com educação, que aumentaram 5,88%, também
puxaram a alta dos preços, sobretudo devido aos reajustes de início de ano letivo.
A conta de luz teve alta de 3,14%, aumento que também impactou a inflação.
Em 2014, a inflação fechou em 6,41%, dentro do limite da meta, puxada
principalmente pelos preços de alimentos e moradia.
A última vez em que houve estouro da meta foi em 2003, primeiro ano do governo
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando a inflação encerrou a 9,3%.
Em 2011, ano em que Dilma assumiu o governo, o índice ficou exatamente no limite
máximo do objetivo.
No primeiro mandato da presidente Dilma, a inflação brasileira somou 27,03%, com
alta anual média de 6,17% ao ano.
O governo tem sido criticado por deixar a inflação girar acima do centro da meta por
mais de quatro anos.
Neste início do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, a equipe
econômica, encabeçada por Joaquim Levy no Ministério da Fazenda, implementa
medidas de ajuste fiscal, com aumento de impostos e juros e corte de despesas.
Na sua última reunião, na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom), do
Banco Central, subiu, pela quarta vez, a taxa básica de juros (Selic) de 12,25%
para 12,75% ao ano.
São os maiores juros em seis anos, desde janeiro de 2009 (quando estavam
também em 12,75%).
O Copom sinalizou que a decisão teve relação com o aumento dos preços, dizendo,
em nota, que avaliou “o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação.”
A Selic é usada pelo BC para tentar controlar o consumo e a inflação, ou estimular a
economia. Quando os juros sobem, as pessoas tendem a gastar menos e isso faz o
preço das mercadorias cair, controlando a inflação, em tese. Por outro lado, juros
altos seguram a economia e fazem o PIB (Produto Interno Bruto) ficar baixo.