Por Eduardo Laguna | De São Paulo
Nenhum setor industrial brasileiro está recebendo mais investimentos do exterior neste ano do que a indústria automobilística. Nos seis primeiros meses, os aportes somaram US$ 1,26 bilhão, valor mais alto para um primeiro semestre desde 2009 e 51,6% superior ao do mesmo período de 2013.
Além disso, os fabricantes brasileiros de veículos cortaram drasticamente as remessas de lucro para as matrizes e deixaram de participar de investimentos feitos por seus grupos no exterior, principalmente em mercados vizinhos da América do Sul. Como resultado, pela primeira vez em cinco anos está entrando mais dinheiro do que saindo na indústria automobilística, numa inversão da lógica estabelecida após a crise financeira internacional de 2008. Naquela época, os ganhos obtidos em mercados emergentes como o Brasil se tornaram a tábua de salvação para as dificuldades vividas pelas multinacionais nos Estados Unidos e na Europa.
Durante a primeira fase da crise, as filiais brasileira chegaram a financiar projetos no exterior. Agora, os papéis se inverteram. Grandes grupos automobilísticos, sobretudo montadoras americanas, conseguiram se recuperar, enquanto o cenário no Brasil passou a ser de queda nas vendas. Com isso, a prioridade agora é preservar o caixa no Brasil – até para custear os projetos de investimento que essas empresas têm pela frente. De janeiro a junho, as remessas da indústria de veículos caíram 61% e somaram apenas US$ 616 milhões. Foram bem menores que as do setor de bebidas, por exemplo, que remeteu US$ 1,76 bilhão.
O crescimento dos investimentos tem sido puxado pela chegada de novas montadoras ao país e pela modernização ou ampliação das fábricas já instaladas. O novo regime automotivo dificultou a entrada de produtos importados e cobrou da indústria mais investimentos em desenvolvimento tecnológico.