O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, nesta quarta-feira (20), manter a taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao ano. Foi a primeira definição sobre juros com o novo presidente do BC, Ilan Goldfajn. A decisão foi unânime entre os integrantes do comitê.
Na reunião anterior, em 8 de junho, já sob o governo do presidente interino, Michel Temer, o BC ainda era comandado formalmente por Alexandre Tombini, embora o nome de Goldfajn já houvesse sido aprovado no Senado, como determina a lei.
Faz exatamente um ano que a taxa está nesse nível. Em julho de 2015, ela subiu de 13,75% para 14,25%. Nas oito reuniões seguintes do BC, os juros ficaram na mesma.
“Tomados em conjunto, o cenário básico e o atual balanço de riscos indicam não haver espaço para flexibilização da política monetária”, informou o BC em comunicado com novo formato, mais extenso e pelo qual apontou riscos para o cenário de inflação, entre os quais a permanência de “incertezas quanto à aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia”.
A taxa é considerada muito alta. Nos EUA, por exemplo, está entre 0,25% e 0,5% ao ano. Na Rússia, é 10,5%; na Índia, 6,5%, e na China, 4,5%.
Poupança é uma aplicação ruim nesse cenário, dizem especialistas.
A Selic influencia todos os juros do país, mas é só uma referência: as taxas cobradas dos consumidores são muito mais altas. Segundo os últimos dados divulgados pelo BC, a taxa de juros do cheque especial subiu em maio e atingiu 311,3% ao ano, e os juros do rotativo do cartão de crédito ficaram em 471,3% ao ano.
Empresas endividadas e desemprego
Os juros altos têm pesado sobre a economia, que deve passar pela maior recessão da história. Empresas grandes e pequenas têm corrido para renegociar suas dívidas, e o desemprego subiu com força, encerrando anos de forte crescimento.
Juros X Inflação
Os juros são usados pelo Banco Central para tentar controlar a inflação. De modo geral, quando a inflação está alta, o BC sobe os juros para reduzir o consumo e forçar os preços a caírem. Quando a inflação está baixa, o BC derruba os juros para estimular o consumo.
A meta é manter a inflação em 4,5% ao ano, mas há uma tolerância de 2 pontos, ou seja, pode variar entre 2,5% e 6,5%.
A inflação segue bem acima do limite máximo: chegou a 8,84% em 12 meses, segundo os dados mais recentes do IPCA, referentes a junho.
Porém, os juros também estão altos e o país está em recessão. Subir os juros geraria o risco de fazer a economia encolher ainda mais.
Como sua vida é afetada pelos juros altos?
-Empréstimos e financiamentos ficam caros (prestação de uma geladeira ou um carro);
-Sobe o desemprego porque as empresas investem menos;
-As pessoas cortam gastos. Isso ajudaria a reduzir a inflação;
-A economia enfraquece (o PIB, Produto Interno Bruto, cai);
-A poupança rende com seu potencial máximo. Quando a Selic está igual ou inferior a 8,5% ao ano, rende menos. Como está acima, vai dar 6,17% ao ano mais a TR;
-Os juros altos aumentam o rendimento com investimentos em certos títulos públicos, como o Tesouro Selic.
(Com Reuters)