Paula Oliveira
Especial para o Diário
Começaram ontem as demissões na Keiper Metalls do Brasil, empresa que até o dia 4 de agosto produzia e estampava bancos para a Volkswagen. A fabricante vai demitir cerca de 300 funcionários da planta de Mauá, em Sertãozinho, dos 400 que atuam na unidade. Ou seja, apenas 100 trabalhadores devem continuar operando na empresa.
“Os funcionários que receberem a notícia devem aguardar pelo menos os dez dias do anúncio do desligamento para ter a confirmação do pagamento rescisório prometido pela empresa. Caso isso não aconteça, iremos nos reunir novamente para lutar pelos direitos deles”, explica o diretor administrativo e financeiro do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, Adilson Torres, o Sapão.
No fim da tarde de ontem, a Keiper enviou nota confirmando a retirada dos ferramentais de suas duas unidades (Mauá e Araçariguama, no Interior) pela Volks e informando que, agora, a empresa ficará fechada. Se houver condição de produção, ela continuará, diz a fabricante. Segundo ela, todos os demitidos estão sendo informados entre ontem e hoje.
A retirada dos ferramentais se encerrou na quarta-feira, de acordo com o sindicato, e a ação foi acompanhada por representantes das duas empresas e do Batalhão da Polícia Militar do município de Mauá.
Sobre os bancos que estão em estoque, a Volks demonstrou interesse e afirmou que os compraria, após a emissão de nota fiscal, mas, segundo Sapão, neste momento aconteceu outro impasse. “A Volks ficou interessada, mas a Keiper disse que não vai vender desta forma, eles querem negociar. Segundo informações extraoficiais, parece que a fabricante está pedindo mais do que o dobro do valor que a montadora pagava”, comenta.
A Keiper afirmou ontem que, neste novo momento, deve apurar ainda o destino da empresa, e o que deve acontecer com os trabalhadores que lá permanecerão, afinal, cerca de 85% de seu faturamento provinha da Volks.
Há a chance de unificação das duas unidades, de Araçariguama, que fazia a estamparia dos bancos, e a de Mauá, onde eram fabricadas as estruturas das peças. Outras hipóteses apresentadas foram o encerramento das operações ou, ainda, nova estratégia de trabalho da empresa, que faz parte do Grupo Prevent, multinacional de origem bósnia e proprietária de dezenas de empresas, entre elas a Keiper, Fameq, Cavelagni, que no Exterior seguem fornecendo para a Volkswagen. Caso a Keiper confirme o fechamento, cerca de 950 perderão seus empregos.
Procurada, a Volks informou que o processo de recuperação dos ferramentais continua em curso. “A Volkswagen está trabalhando fortemente, focada para restabelecer o ritmo normal de sua produção, possibilitando a retomada do funcionamento de toda a cadeia produtiva e a tranquilidade dos mais de 100 mil trabalhadores das fornecedoras, subfornecedoras, da rede de concessionários e de seus clientes, além dos cerca de 18 mil empregados em todo o País.”