Folha de S. Paulo
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou nesta terça-feira (8), em Paris, que o aumento do imposto de renda é uma possibilidade em estudo dentro do governo como forma de contribuir para um reequilíbrio nas contas classificado por ele de “ponte fiscal sustentável”.
“Pode ser um caminho (aumento de IR), é essa a discussão que a gente está tendo agora e que acho que temos que amadurecer mais rapidamente no Congresso”, afirmou, em entrevista coletiva após uma reunião na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), ao ser perguntado sobre um aumento do IR.
Em sua explicação aos jornalistas, Levy comparou o Brasil aos países do órgão: “Em relação aos países da OCDE, a gente tem menos impostos sobre a renda, sobre a pessoa física do que na maior na parte dos países da OCDE. É uma coisa a se pensar”, disse o ministro.
Levy não descartou que essa possível elevação de impostos atinja grandes rendas, mas destacou que já se tentou sem “êxito” tributá-las no passado.
“Essa é a discussão que está sendo feita, o que você faz nas área de gastos, como você melhora a eficiência do governo e quais impostos são compatíveis”, disse.
O ministro afirmou ainda que o governo enviou ao Congresso um projeto de Orçamento de 2016 com deficit para obter uma “transição mais estável”. “A gente mandou o Orçamento com esse desequilíbrio para permitir essa discussão que é fundamental para garantir uma transição estável, segura para a retomada do crescimento”, afirmou.
Ele voltou a defender o ajuste fiscal como uma de suas prioridades para a retomada do crescimento. “Se você não tem equilíbrio fiscal, daqui a pouco vai ter inflação e qualquer trabalhador, dona de casa, sindicalista sabe que a inflação é a maior inimiga do poder de compra”, afirmou.
O Orçamento apresentado prevê deficit primário de R$ 30,5 bilhões –0,5% do PIB. Dias depois, entretanto, a presidente Dilma Rousseff pediu à equipe econômica que persiga a meta de superavit de 0,7% do PIB.
Na semana passada, houve boatos de que Levy poderia deixar o cargo, insatisfeito com um isolamento dentro do governo e com o envio do Orçamento deficitário.
Nesta terça, Levy esquivou-se de responder se ameaçou deixar o posto. Perguntado pela Folha sobre o tema, ele divagou sobre as discussões no governo em relação a metas de mudanças climáticas.
Em meio à crise, o governo já sinalizou que pode criar novos impostos ou aumentar os vigentes. Em entrevista à Folha, o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, afirmou que o país precisa do aumento provisório de tributos.
O próprio Levy afirmou no sábado (5) que o governo cogita um imposto de “travessia”.
Chegou a ser ventilada no Planalto a ideia da volta da CPMF –o chamado imposto do cheque, extinto em 2007 na maior derrota política do governo do ex-presidente Lula. Entretanto, o governo acabou cedendo a pressões da oposição e do empresariado e desistiu da medida.
Nesta terça, o ministro esquivou-se de responder se de fato ameaçou deixar o posto na semana passada por causa de sua divergência sobre o envio do projeto de Orçamento com déficit. Perguntado pela Folha sobre o tema, ele divagou sobre as discussões no governo em relação a metas de mudanças climáticas.