LONGE DA CRISE
Estudo aponta crescimento de 18,5% no lucro dos cincos maiores bancos do país em 2014. Apesar da alta, setor dispensa mão de obra
por Redação
São Paulo – Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Dieese e comentarista econômico da Rádio Brasil Atual, analisa hoje (6) estudo realizado pelo órgão sobre o desempenho dos bancos em 2014, que registraram crescimento de 18,5% em seus lucros, com montante de R$ 60 bilhões. Para Clemente, o crescimento do setor bancário foi “expressivo”, ainda mais se consideradas as dificuldades enfrentadas pelo país na economia.
O diretor técnico do Dieese diz que a taxa de retorno do sistema bancário, “muito superior aos demais setores da economia”, segundo ele, é uma grave distorção e que compromete o desenvolvimento econômico do país. “Éuma correção urgente que precisamos fazer na nossa trajetória econômica, se querermos ter um crescimento sustentado e sustentável pela atividade produtiva.”
O maior lucro foi verificado no banco Itaú, com mais de R$ 20 bilhões, seguido pelo Bradesco, com de mais de R$ 15 bilhões. O Banco do Brasil registrou lucro da ordem de R$ 11 bilhões e a Caixa Econômica, R$ 7,1 bilhões. O Santander ficou com R$ 5,9 bilhões. “Os bancos têm, hoje, quase R$ 5,3 trilhões em ativos totais e um patrimônio total da ordem de R$ 370 bilhões”, destaca Ganz Lúcio.
O comentarista chama a atenção para uma aparente contradição. Apesar do crescimento dos lucros, cerca de 5 mil postos de trabalho foram fechados no setor. Em 2013, os bancos empregavam pouco mais de 456 mil trabalhadores. Já em 2014, o número foi reduzido para 451 mil.
Clemente aponta ainda que, apenas com as taxas cobradas dos clientes pelos serviços bancários prestados, as instituições superam, com folga, os custos com folha de pagamento. “É muito fácil ganhar dinheiro no sistema financeiro brasileiro com essa economia sustentada pelo rentismo e pelo ganho fácil da aplicação financeira”, conclui Clemente.