Maioria dos demitidos pode perder seguro-desemprego

Cerca de 63% dos trabalhadores demitidos sem justa causa poderão perder o seguro­desemprego por causa da nova regra de acesso ao benefício, que aumenta o prazo de carência para a concessão de seis para 18 meses. Essa estimativa foi feita pelo Valore pelo professor da Universidade de Brasília (UnB) Carlos Alberto Ramos com base em dados do Caged envolvendo 10,8 milhões de demitidos entre janeiro e novembro de 2014. O limite de no mínimo seis meses de tempo de trabalho, da legislação anterior, excluía 21,5% dos demitidos.

Para Ramos, esses resultados refletem as características de uma economia com alta rotatividade no mercado de trabalho, no qual o tempo médio de permanência no emprego é de três anos.

A mudança atingirá principalmente os mais jovens, que mudam de emprego com maior frequência até se estabelecerem no mercado de trabalho. Rodrigo Leandro de Moura, professor da FGV, acredita que a nova regra possa incentivar os jovens e também as demais categorias de trabalhadores a permanecer no emprego por mais tempo. E isso deve aumentar a produtividade da economia porque as empresas gastam muito para treinar novos funcionários. No antigo formato, o seguro dava um incentivo para que os trabalhadores mudassem com maior frequência de emprego.

Para se antecipar a possíveis pressões de sindicatos por mudanças das novas regras, o ministro do Trabalho, Manoel Dias, convocou as centrais sindicais para uma reunião no dia 29. A ideia é ter um diagnóstico do impacto da medida e, se for preciso, discutir ajustes. Técnicos do Ministério do Trabalho deverão apresentar a versão do governo sobre esse impacto.

“Vamos discutir à luz das realidades que serão trazidas pelas centrais e pelo governo. E vamos tratar de ajustar”, disse Dias ao Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor. Mas ele deixou claro: “Conversar não é assumir compromisso de mudança”.