Mais trabalhadores têm reajuste acima da inflação

Luciele Velluto

Passou de 76,¨% para 87,9% o índice de categorias que conseguiram negociar aumento salarial acima da inflação no primeiro semestre. Economia aquecida e maior necessidade de mão de obra favoreceram os empregados

A grande maioria das negociações salariais coletivas que ocorreram no primeiro semestre deste ano resultou em aumentos acima da inflação. Foram 87,9% acordos desse tipo. Se somados a esse porcentual os reajustes que apenas repuseram as perdas com a alta dos preços, os acertos atingem 97% dos casos, o melhor resultado desde o início da pesquisa feita pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em 1996.

Até então, o melhor resultado havia ocorrido em 2007, quando 96% das negociações tinham recuperado a inflação ou conquistado aumento além do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE), indicador utilizado pelos sindicatos nas negociações.

No primeiro semestre do ano passado, 76,6% das negociações resultaram em reajuste salarial acima do INPC. Já no que diz respeito à reposição da inflação, 9% conseguiram aumento nesse patamar nos seis primeiros meses de 2010, ante 16,2% de 2009. Abaixo do INPC ficaram 3,1% das negociações, bem aquém dos 7,2% apresentados no ano anterior.

Para coordenador de Relações Sindicais do Dieese, José Silvestre Prado de Oliveira, o resultado é uma continuidade do que o levantamento vem mostrando desde 2004, quando começou a haver mais trabalhadores que obtiveram recuperação da inflação ou aumento real.

No entanto, o resultado deste ano também tem o crescimento da economia como componente. “A situação da economia atual contribui para o bom resultado, como mostra o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro semestre. Além disso, temos a inflação baixa, a política do salário mínimo e a ação dos sindicatos como outros fatores de influência no resultado”, afirma o coordenador do entidade.

No primeiro semestre, categorias como trabalhadores da construção civil, de telefonia, professores de escolas da rede privada e de transportes tiveram o seu dissídio. Neste semestre é a vez dos grupos grandes não só em número de trabalhadores, mas também na tradição nas negociações, como metalúrgicos, bancários, químicos e comerciários.

A expectativa é que essas categorias mantenham os bons resultados nas negociações salariais. “Acreditamos que esse deve ser o melhor ano para os reajuste dos salários. Apesar das eleições, que devem encurtar o processo de negociação entre trabalhadores e sindicatos patronais, o resultados de ganhos reais deve se manter”, prevê Oliveira.