Eles exigem que a Nissan respeite direito à sindicalização nos EUA.
Carta foi entregue ao diretor de Relações Institucionais da Rio 2016.
Alessandro Ferreira
Do G1 Rio
Protesto reuniu membros de centrais sindicais em frente ao comitê Rio 2016 (Foto: Alessandro Ferreira/G1)
Membros de diversos sindicatos filiados a três das principais centrais sindicais brasileiras (CUT, Força Sindical e UGT) realizaram um ato no fim da manhã desta quinta-feira (18), em frente à sede do comitê Rio 2016, na Cidade Nova, para exigir que um dos patrocinadores dos Jogos Olímpicos – a montadora Nissan – respeite o direito à sindicalização de seus funcionários nos Estados Unidos.
Cerca de 100 pessoas participaram do ato, que contou com carro de som e até alguns ritmistas da escola de samba Império Serrano, além de representantes da United Auto Workers (UAW), sindicato que representa operários do setor automotivo nos Estados Unidos e Canadá. Pelo menos 30 PMs e oito guardas municipais observavam o evento à distância, mas não houve qualquer tumulto. Nos discursos, os sindicalistas fizeram questão de afirmar que não são contra os Jogos Olímpicos.
Uma carta-denúncia foi entregue pelos sindicalistas ao embaixador Agemar Sanctos, diretor de Relações Institucionais da Rio 2016. A ideia é obter o compromisso de que a Rio 2016 ajude a pressionar a Nissan a permitir que seus empregados se sindicalizem.
Segundo os sindicalistas, a empresa impede que os empregados da unidade de Canton, no Mississipi (EUA), se filiem ao sindicato local, ferindo as Diretrizes para Empresas Multinacionais – conjunto de regras adotado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e endossado pelo governo americano.
O presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, afirmou que, no encontro, Sanctos sugeriu que as denúncias contra a Nissan sejam feitas também a organismos internacionais, como a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
“O embaixador nos recebeu de forma muito cordial e as centrais sindicais expuseram, de forma muito contundente, a necessidade de a Rio 2016 não permitir que patrocinadores dos Jogos promovam práticas antissindicais, como é o caso da Nissan na fábrica do Mississipi”, relatou Patah, acrescentando que Sanctos se comprometeu a levar o caso ao Comitê Organizador dos Jogos e também a procurar o diálogo com a montadora.
Também presente à reunião, Miguel Torres, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM), garantiu que a mobilização vai continuar até que a empresa se posicione. “Estamos preparados para, se necessário, promover diversos atos de protesto, inclusive durante a passagem da tocha olímpica pela cidade”, disse.
Em nota, a Nissan informou que a decisão de unir-se ao sindicato é uma escolha que pertence apenas aos funcionários, que têm o direito de escolher diretamente seus representantes. A empresa informa ainda que na fábrica de Smyrna, Tennesse, os funcionários votaram contra a representação do UAW por duas vezes, e que em Canton, Mississippi, nunca houve interesse suficiente para iniciar o processo de votação.