Metalúrgicos de Curitiba e UAW protestam contra a Nissan durante passagem da Tocha Olímpica pela cidade

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Imprensa Metalúrgicos da Grande Curitiba

Onde a Tocha Olimpíca está, a UAW também está para denunciar o espírito antiolímpico da Nissan. Diretoria do SMC já está pronta para o protesto.

A montadora, que é uma das patrocinadoras oficiais dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, viola os direitos humanos impondo aos trabalhadores da fábrica do Mississipi (EUA) uma rotina de assédio, perseguições contra a liberdade de organização sindical dos trabalhadores.

Para denunciar as práticas antissindicais contra a liberdade de organização dos trabalhadores, os metalúrgicos da Grande Curitiba e do Sindicato norte-americano de trabalhadores United Auto Workers (UAW), realizaram nesta quinta-feira (14), um protesto contra a montadora durante a passagem da Tocha Olímpica pela cidade. A montadora patrocina os Jogos Olímpicos e, ao contrário da imagem que tenta passar para o mundo, impõe aos trabalhadores americanos uma cruel realidade bem diferente do espírito olímpico e dos direitos humanos determinados pela ONU.

Segundo um dos representantes da UAW no Brasil, Rafael Guerra, a Nissan não cumpre as regras do código de ética que estabelece critérios para patrocinadores e fornecedores dos Jogos Olímpicos, sobre direitos humanos. “A Nissan não cumpre com as regras que assinou para ser patrocinadora dos Jogos Olímpicos porque não respeita os direitos dos trabalhadores dos EUA impedindo a organização livre dos trabalhadores. A fábrica do Mississipi não tem acordo coletivo, quem protesta por melhores condições de trabalhado são ameaçados e perseguidos e empresa se nega a dialogar sobre isso”, disse.

Os metalúrgicos entendem que no evento maior do calendário esportivo mundial, que celebra a superação humana e o “fair play”, uma empresa que tem pouco ou nenhum apreço pelo homem não tem vez e por isso estarão ao longo do trajeto da tocha denunciando quem é a verdadeira Nissan. Protestos semelhantes já foram realizados em várias cidades pelas quais a Tocha passou.

Trabalhadores vivem realidade de ameaças e perseguição

A Nissan tem promovido uma agressiva e sistemática campanha antissindical na fábrica localizada na cidade Canton, no estado do Mississipi, nos Estados Unidos, com a finalidade de intimidar e impedir que seus trabalhadores se organizem em um sindicato e, consequentemente, estejam habilitados a assinar um acordo coletivo. A atitude da empresa desrespeita o Código Básico da iniciativa Ética Comercial, parte central do Guia da Cadeia de Suprimentos Sustentável dos Jogos Olímpicos.

A montadora é a única patrocinadora automotiva dos Jogos 2016, mas sua conduta no Mississipi não respeita esse código. O risco colocado pelas entidades sindicais é de que uma empresa global, do porte da Nissan, que terá uma exposição global com a Tocha Olímpica e os Jogos Olímpicos, sirva de mau exemplo e estimule condutas similares de outras grandes corporações que passarão a se sentir confortáveis e sem nenhum risco de punição por desrespeitar um código estabelecido para patrocinadores de Olimpíadas.

Entidades sindicais brasileiras e internacionais já pediram formalmente ao Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos Rio 2016 que exija da Nissan um plano de ação corretivo. No dia 11 de abril, os trabalhadores e diversas entidades sindicais cobraram da Nissan, durante audiência pública na Comissão de Direitos Humanos do Senado, que respeite nos Estados Unidos o direito de os trabalhadores se sindicalizarem.

Ator hollywoodiano no protesto

Nas Olimpíadas, a UAW estuda trazer para o Rio de Janeiro o ator Danny Glover, astro da série “Máquina Mortífera” e outros filmes de sucesso. Danny é um apoiador nos EUA da luta dos trabalhadores americanos por melhores condições de trabalho e um colaborador da UAW. Inclusive, o ator já esteve em Curitiba em 2013, participando de uma assembleia dos metalúrgicos da Renault. O objetivo da UAW é trazer o ator durante a realização dos jogos olímpicos para que ele ajude a chamar a atenção da situação precária imposta pela Nissan aos trabalhadores da fábrica do Mississipi.

– Aproximadamente metade dos trabalhadores da Nissan são terceirizados, ganhando menos de 1/3 do salário de um trabalhador sindicalizado, com planos de saúde precários (quando existentes), jornadas exaustivamente longas e sem férias remuneradas.

– Os trabalhadores são obrigados a comparecer a seções de indocrinação anti-sindical, assistir a vídeos anti-sindicais que passam em loop nos refeitórios e salas de descanso, são ameaçados de demissão e ou penalizados em suas funções ao menor sinal de que pretendem votar pela instalação do sindicato, tendo havido inúmeros casos de demissões, e a empresa espalha sistematicamente boatos de que a fabrica será fechada e transferida para o México, com a demissão de todos os seus funcionários, caso os trabalhadores consigam a sindicalização.

– Uma investigação do Conselho Nacional de Relações Trabalhistas dos EUA (NLRB) incorporou, a partir do relatório “Escolhendo Direitos”, a denúncia de que a Nissan teria violado a lei federal e discriminado trabalhadores ilegalmente.

– A Nissan é a principal patrocinadora dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. Como tal, deve obedecer o Código Básico da Iniciativa Ética Comercial, que é parte central do Guia da Cadeia de Suprimentos Sustentável e é um documento importantíssimo para o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016.

– O guia Básico da Iniciativa Ética Comercial diz que a liberdade de associação e o direito a negociação coletiva devem ser respeitados pela empresa.

– Tanto a Nissan Brasil quanto a Nissan North América são parte da Nissan Motor Corporation