Cerca de 250 cipeiros metalúrgicos participaram, no dia 6 de agosto, do 15º Encimesp (Encontro de Cipeiros Metalúrgicos), realizado pelo DSST (Departamento de Segurança e Saúde do Trabalhador) do Sindicato em parceria com o Sindicato dos Técnicos de Segurança no Trabalho.
O evento teve como foco a saúde do trabalhador e enfatizou a importância da prevenção aos riscos de acidentes e doenças e a parceria entre cipeiros e técnicos de segurança para a melhoria das condições dos ambientes de trabalho.
O diretor Luisinho, coordenador do departamento, ressaltou a importância da participação dos cipeiros no encontro para terem mais informação e poderem desenvolver mais ações no local de trabalho. “A gente precisa aprender a olhar para o trabalho como determinante no processo de saúde e doença do trabalho. Só vamos eliminar o risco se a gente conhecer o risco, por isso informação e conhecimento são fundamentais”, afirmou.
O evento foi realizado durante a Expo Proteção (Feira Internacional de Saúde e Segurança do Trabalho), no Expo Center Norte, na zona norte de São Paulo, e teve como temas: “A atuação do técnico de segurança do trabalho junto aos cipeiros”, A saúde do trabalhador e a ação sindical” e “O papel do Sindicato na saúde do trabalhador”.
Na abertura, a diretora Leninha, coordenadora do Departamento da Mulher, do Sindicato, lembrou “a luta dos trabalhadores na contramão da história que cultua o lucro e não a segurança. Sabemos que muitas empresas melhoraram suas condições de trabalho, mas só estão nesse patamar pelo trabalho árduo dos cipeiros”, disse.
Palestrantes
As palestras foram dadas por Marcos Ribeiro (presidente do Sindicato dos Técnicos), Eduardo Bonfim (técnico do Diesat – Departamento de Estudos de Saúde do Trabalhador), Ricardo Tamashiro (técnico do Dieese) e Rogério Santos (assessor da SSST da Força Sindical).
A feira apresentou muitas novidades em equipamentos de segurança, coletivos (EPC) e individuais (EPIs), mas os palestrantes ressaltaram que os equipamentos neutralizam os riscos, mas não os acidentes.
Atuação do técnico
O primeiro palestrante, Marcos Ribeiro, disse que não é fácil ser da Cipa e dizer para a empresa que a máquina não está em condições de uso. “É preciso ter visão dos riscos e ser proativo (agir antes). O cipeiro pode tomar providências mesmo se for barrado na sua ação e acionar os técnicos de segurança e o sindicato”, disse.
Saúde do trabalhador
Eduardo Bomfim, do Diesat, falou dos altos índices de acidentes e doenças profissionais que vitimam trabalhadores. “Nos últimos três anos, ocorreram uma média de 80 mil acidentes e doenças no setor metalúrgico, sendo 34% graves e fatais”. Segundo Bomfim, é mais caro trocar os EPIs do que implantar medidas de segurança, mas muitos empresários não priorizam isso.
Bomfim disse que, antigamente, não se ligava a doença do trabalhador às condições do ambiente de trabalho e tratar a doença era a ação principal. Com o tempo, foi-se verificando a importância da adequação do trabalhador ao trabalho e a ação principal passou a ser a prevenção à saúde, mesmo assim, muitas empresas não reconhecem essa relação e não dão a CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho). “Os cipeiros são os principais agentes de transformação das empresas”, afirmou
Saúde nas convenções coletivas
Na terceira palestra, o economista Ricardo Tamashiro, do Dieese, falou sobre a inclusão do tema nas convenções coletivas de trabalho. De 2010 a 2012, o Dieese registrou um aumento de greves ligadas à saúde e à segurança; o setor da indústria que mais parou pela saúde foi o metalúrgico (65%), seguido pelo setor da construção civil (26%).
“Cerca de 20% das cláusulas dos acordos coletivos estão ligadas à saúde do trabalhador. Os outros 80% tratam de diversos outros temas”. Segundo ele, a maneira de ampliar as cláusulas sobre esse tema é ampliar a ação do trabalhador junto com o cipeiro e o sindicato. “Não há como o trabalhador avançar sozinho, precisamos pensar além do que diz a lei (que muitas vezes não é cumprida pelas empresas)”, afirmou.
Papel do Sindicato
Na quarta e última palestra, Rogério dos Santos, da Força Sindical, alertou para diversas questões que envolvem a segurança no trabalho, como o processo produtivo que coloca o lucro na frente do homem; o adicional de insalubridade, que substitui o ambiente saudável; o aumento de mortes de trabalhadores jovens, em pleno período produtivo. Ressaltou que a palavra “colaborador” e “associado”, como são denominados hoje os trabalhadores, desqualificam as conquistas dos trabalhadores; que EPI não é segurança do trabalho, mas ferramenta que compõe a política do trabalho e que a cultura do mundo do trabalho é EPI pro resto da vida.
Santos também fez críticas às Sipats (Semana de Prevenção de Acidentes), que tratam de questões que nada têm a ver com segurança no trabalho. “Temos que intervir nestas sacanagens. A capacitação e a educação em segurança e saúde do trabalho têm de ser permanentes”, afirmou.
Contribuíram para a realização do evento os técnicos Adonai Ribeiro e Bruno de Oliveira, do DSST do Sindicato, os diretores e assessores.
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