Metalúrgicos protestam por reajuste


O Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes realizou ontem manifestações em 19 fábricas do Estado de São Paulo em defesa de um salário mínimo de R$ 580. O ato contou com a mobilização de cerca de 13 mil trabalhadores, que atrasaram em duas horas o início do turno, segundo informa a entidade.

Além de um reajuste do mínimo, o sindicato reivindica a correção da tabela do Imposto de Renda pela inflação acumulada de 2010, que foi de 6,4%, e um aumento real para os aposentados e pensionistas que ganham acima do salário mínimo. O Palácio do Planalto elevou, desde 1º de janeiro, o mínimo para R$ 540.

“O governo federal não está levando em conta que o salário mínimo afeta 49 milhões de trabalhadores e é um fator de distribuição de renda”, afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Miguel Torres.

O dirigente lembrou que, em janeiro, o Banco Central (BC) elevou a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual, para 11,25% ao ano. “Uma elevação de meio ponto da Selic eleva as despesas públicas em R$ 7,5 bilhões.

Daria para aumentar o salário mínimo para R$ 570”, argumentou Torres, que acredita que o Planalto dá prioridade ao setor financeiro e esquece do trabalhador.

Porém, ao que parece, as pressões dos trabalhadores não devem surtir efeito. O governo está impassível.

Ontem, mais uma vez, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o reajuste do salário mínimo não está mais em negociação. O piso salarial subirá para R$ 545 e ponto final.

Mas a correção de 4,5% na tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física ainda pode acontecer – embora os sindicatos quisessem correção de 6,46%. Segundo Mantega, a aprovação do reajuste dependerá de um acordo com as centrais sindicais, no qual os trabalhadores aceitariam definir uma fórmula de valorização do salário mínimo até 2015.

O Planalto quer repetir o acordo que foi firmado em 2007. “Só podemos concordar com o reajuste da tabela se houver um critério de reajuste no salário mínimo”, disse o ministro da Fazenda.

Mantega informou ainda que o governo teria uma renúncia fiscal de R$ 2,2 bilhões em 2011 se houver o reajuste da tabela do Imposto de Renda. O ministro admitiu, no entanto, que o Planalto teria que fazer novas acomodações no Orçamento para adequá-lo à perda de receita que haveria com o reajuste da tabela do IR.