Federação dos Metalúrgicos do Paraná vai cobrar do governo e das empresas mais responsabilidade com emprego. Decisão foi tomada durante o Seminário Desaceleração Econômica x Empregabilidade, realizado em Foz do Iguaçu, entre metalúrgicos do Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul
Empresas que recebem incentivos e benefícios fiscais do governo devem ser mais cobradas em relação a responsabilidade com a manutenção dos empregos. Essa foi a conclusão do I Seminário Desaceleração Econômica x Empregabilidade, realizado pela Federação dos Metalúrgicos do Paraná (Fetim), em Foz do Iguaçu, na segunda-feira, 4 de agosto.
Depois do debate sobre a luta pela preservação dos empregos, os metalúrgicos do Paraná, Catalão (GO), Anápolis (GO) e de Gravataí (RS), que também participaram do Seminário, traçaram uma estratégia comum de ações que serão realizadas para lutar e exigir mais responsabilidade do governo com a manutenção de emprego.
A primeira dessas ações será fazer um levantamento, em cada um dos três estados, que quantifique o número de concessões e quanto as montadoras e outras multinacionais tem recebido em isenções e benefícios fiscais do governo. O objetivo é levar os dados para a Força Sindical e pressionar o governo a exigir uma contrapartida das empresas com a manutenção dos empregos.
“Todos os anos essas empresas recebem milhões em incentivos, dinheiro público que o governo deixa de arrecadar. Porém, em vez de usar isso como investimento na geração de empregos, as multinacionais enviam tudo como remessa de lucros para o exterior. Agora, quando o setor passa por dificuldade, querem que o trabalhador pague a conta com seu emprego. Não podemos e não vamos aceitar isso. Vamos cobrar a reponsabilidade das empresas”, disse o presidente da Fetim, Sérgio Butka.
Presidente da Força e da CNTM critica comportamento do governo
Presente no Seminário, o presidente da Força Sindical e da CNTM, Miguel Torres, atacou o comportamento do governo federal, que atendeu diversas exigências do empresariado, mas deixou de lado as conversas com o movimento sindical: “o governo fez diversas concessões ao empresariado como a desoneração da folha, do Pis-Cofins, a redução do IPI, porém, concedeu tudo isso sem exigir as contrapartidas sociais. Ao mesmo tempo em que aliviava o lado para capital, se afastou do movimento sindical”, acusou Miguel.
Para Miguel Torres somente a união do movimento sindical, através de iniciativas como a da Fetim é que irão fortalecer a luta pela manutenção dos empregos. “Hoje o momento sinaliza uma crise muito forte com demissões e o aumento da inflação. Temos que estar atentos para discutir maneiras de enfrentar essas situações. Por isso essa iniciativa do Paraná em realizar esse seminário, é muito produtiva. Já falei com o Sérgio Butka para levarmos isso para dentro da Força para que todos os estados possam estar fazendo a mesma discussão”, disse.
Programa de Proteção ao Emprego (PPE)
Os diretores também debateram alguns pontos do Programa de Proteção ao Emprego (PPE), proposta baseada a um programa similar na Alemanha, e que visa a criação de um sistema nacional de proteção aos empregos. Entre outros pontos, o PPE propõe reduzir a jornada de trabalho, porém, com redução de salários, o que foi visto com reserva pela maioria do dirigentes.
Um dos palestrantes do Seminário, doutor Iraci Borges, foi contundente ao comentar a proposta de redução salarial: “Quem aqui aceitaria, de uma hora para outra, ter seu salário reduzido em 30%? Essa proposta interessa a quem?”, disse Iraci e continuou: “As empresas que recebem incentivos fiscais para se manter é que tem que ter uma responsabilização maior pelo trabalhador”, afirmou ao analisar outro ponto do programa que pretende dividir a remuneração do trabalhador entre o governo e as empresas.
Sérgio Butka: “Reduzir salário é reduzir direitos”
Para o presidente da Fetim, Sérgio Butka,reduzir salários é reduzir direitos, o que seria um retrocesso para o movimento sindical, em particular, no Paraná: “Penamos muito aqui no estado para chegar ao patamar em que estamos, com a totalidade dos nosso acordos contemplando aumento real e outros benefícios. Voltar atrás seria perder tudo o que levamos muitos anos para ser construir. Por isso precisamos estender os debates acerca desse plano para preservar o que é bom e tirar o que é ruim”, afirmou.
Por enquanto, o PPE está em fase de discussão e avaliação já que a ideia é elaborar um projeto que dure não apenas para esse momento, mas que possa ser acionado sempre que a indústria estiver em momentos de baixa.
Para Dieese, momento é difícil, mas é cedo para falar em crise
O economista do Dieese, Sandro Silva, que também palestrou no Seminário, afirmou que apesar do setor industrial estar em baixa, a economia brasileira como um todo segue adiante. “Apesar de estar ocorrendo uma desaceleração, a economia esta crescendo , o emprego e a renda estão aumentando. O grande problema é o setor industrial, que nos últimos anos tem tido um desempenho aquém do esperado. Isso vem ocorrendo devido a alguns fatores como a questão dos juros que esta e, 11 %; Temos também o câmbio, que com a valorização do real em relação a outras moedas dificulta as exportações o que acaba facilitando a entrada dos produtos importados e prejudicando a produção local. Além disso tem a questão da crise internacional principalmente na Europa. Todos esses fatores acabam criando um clima de incerteza e de baixo crescimento da economia brasileira, mas isso não significa dizer que no todo o país esta em crise. O momento é difícil, mas o mercado continua crescendo”, concluiu Sandro.
Por Nilton Oliveira
Agência Confraria