Eduardo Laguna
Valor Econômico
SÃO PAULO – Com excesso de estoque nos pátios de fábricas e concessionárias, a indústria automobilística está programando férias coletivas mais longas no fim deste ano. Maior montadora de caminhões do país, a Mercedes-Benz interromperá a produção na segunda-feira. Os trabalhadores, tanto da fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, como da de Juiz de Fora, em Minas Gerais, só retornarão ao trabalho em 5 de janeiro.
Na MAN, multinacional alemã que produz os veículos comerciais da marca Volkswagen, e no parque industrial da Volvo, em Curitiba, as férias começarão em 15 de dezembro. No caso da MAN, as férias coletivas vão durar três semanas. Na Volvo, a paralisação vai durar entre quatro e cinco semanas, conforme o setor da fábrica.
Em tempos normais, as montadoras liberam os funcionários apenas nas duas últimas semanas de dezembro. Neste ano, o setor enfrenta um mercado interno em retração, queda nas exportações e estoques elevados. Entre janeiro e outubro, as vendas de caminhões caíram 13,4%, devido à desaceleração da economia, retração do setor industrial e dificuldades de financiamento desses veículos no início do ano. No mesmo período, as exportações caíram 26% e a produção, 24,6%.
Embora o mercado, incluindo os carros de passeio, esteja confirmando o tradicional aquecimento das vendas no último bimestre do ano, o objetivo do setor neste momento é diminuir um encalhe nas concessionárias que superava 413 mil veículos no fim de outubro – suficiente para 40 dias de vendas. A meta é reduzir esse volume para algo entre 30 e 35 dias, o que criaria condições para a retomada da produção em 2015.
Na Ford, que produz tanto carros de passeio como caminhões na fábrica de São Bernardo, as férias coletivas vão durar um mês, a partir de 15 de dezembro. A maioria das montadoras desse tipo de veículo ainda vai definir o período de férias. Paralisações de um mês, entre férias e folgas de operários, serão feitas nas fábricas da General Motors em São Caetano do Sul (SP) e São José dos Campos (SP). Segundo o sindicato dos metalúrgicos do ABC, a Scania também programou férias de três semanas a partir de 29 de dezembro.