Indústria automobilística cortou 12.637 postos de trabalho no período de 12 meses encerrado em outubro; com os cortes, as fabricantes de veículos e máquinas agrícolas empregam hoje 147 mil pessoas, mesmo nível de maio de 2012
Nos últimos 12 meses, a indústria automobilística demitiu em média mil trabalhadores por mês. Desde outubro do ano passado, 12.637 postos de trabalho foram fechados pelas montadoras, que, no mesmo período, reduziram a produção em 16%.
Foi o setor automotivo que, mais uma vez, puxou para baixo o nível de emprego na indústria. Segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no acumulado do ano até setembro os postos de trabalho já recuaram 2,8% (leia mais nesta página).
Os dados das montadoras, um mês à frente dos números do IBGE, mostram que as fabricantes de veículos e máquinas agrícolas empregam atualmente 147 mil pessoas, voltando assim aos níveis de maio de 2012.
Já o segmento de autopeças, que tem 70% da produção voltada às montadoras, projeta para este ano o fechamento de 19 mil vagas. As empresas devem encerrar o ano com 201 mil funcionários, ante 220 mil em 2013. Será o menor nível dos últimos cinco anos.
Além das demissões, que de janeiro a setembro somam 10 mil pessoas – mantendo a média de mil pessoas por mês -, a indústria automobilística tem 4 mil trabalhadores em lay-off (suspensão temporária dos contratos de trabalho).
Esse pessoal fica em casa por até cinco meses, período em que recebe parte do salário pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) em forma de bolsa qualificação.
Novo modelo. Indústria e centrais sindicais negociam com o governo um novo modelo de lay-off, baseado no sistema alemão, que prevê até dois anos de afastamento sem que o trabalhador seja desvinculado da empresa.
Nas próximas semanas, as partes vão se reunir com o governo para fechar uma proposta sobre o que batizaram de Programa de Proteção ao Emprego. “Acredito que ainda neste mandato a presidente Dilma Rousseff vai apresentar uma proposta, pois ela a considerou modernizadora das relações entre capital e trabalho”, disse Rafael Marques, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Segundo Marques, se o programa estivesse em vigor, “muitos empregos teriam sido salvos”. As empresas metalúrgicas do ABC paulista representadas na base do sindicato demitiram 4,2 mil pessoas este ano. “O primeiro semestre foi bastante complicado, mas nos últimos dois meses houve uma estabilização no número de vagas”, afirmou o sindicalista.
“As crises são cíclicas e seria importante flexibilizar as regras atuais para enfrentá-las sem demissões em massa”, disse o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan.
Estão atualmente com trabalhadores em lay-off a Mercedes-Benz – nas fábricas de São Bernardo do Campo (SP) e Juiz de Fora (MG) -, a Volkswagen (em São José dos Pinhais, no Paraná), a Nissan (em Resende, no Rio de Janeiro), a Ford (em Taubaté, interior de São Paulo), a General Motors (em São Caetano do Sul e São José dos Campos) e a MAN Latin America (também em Resende).
Moan informou que a maioria dos cortes nas montadoras foi feita por meio de programas de demissão voluntária (PDV), aposentadorias e saídas voluntárias cujas vagas não foram repostas.