A Ford decidiu demitir 137 operários da fábrica de motores em Taubaté (SP) que estavam há oito meses afastados da produção. O retorno estava previsto para hoje, mas, na falta de reação do mercado, a empresa não vai reintegrar o grupo. A decisão amplia um contingente de demitidos na indústria de veículos que, no fim de fevereiro, já somava 17,3 mil pessoas desde novembro de 2013, quando o setor deu início ao atual ciclo de ajustes na força de trabalho.
Em paralelo, as empresas seguem adotando soluções alternativas para administrar o excesso de mão de obra e adequar a atividade das fábrica a um mercado que acumula queda de mais de 17% neste ano. Hoje, a Fiat, líder do mercado de carros, para a produção em Betim (MG) e só volta à atividade na terça-feira, mesmo dia em que a Mercedes-Benz retoma a produção de caminhões no ABC paulista, parada desde segunda-feira.
Além das demissões em Taubaté, a Ford vai paralisar a fábrica de carros e caminhões em São Bernardo do Campo (SP) a partir do feriado de sexta-feira, com retorno apenas no dia 15 de abril – ou seja, 12 dias seguidos sem atividade fabril.
Para completar, a Volkswagen está afastando 570 operários da produção na fábrica de São José dos Pinhais, no Paraná, com a suspensão de contratos de trabalho por até cinco meses, o já famigerado “layoff”. Conforme informa o sindicato dos metalúrgicos da região, o “layoff” na Volks será aplicado em três turmas, sendo a primeira, formada por 190 funcionários, iniciada já nesta semana. A partir de segunda-feira, entram em “layoff” outros 110 trabalhadores e na semana seguinte a última turma, de 270 operários. A montadora, com isso, faz um rodízio de um grupo com número próximo de empregados – 572 – que no mês passado voltou de um “layoff” iniciado em outubro.
No caso da Ford, a indenização oferecida aos demitidos da fábrica de Taubaté é a mesma prevista no Programa de Demissões Voluntárias (PDV) aberto na unidade – e também na fábrica do ABC -, com pagamento de valor equivalente a 83% do salário por ano trabalhado, ou 140% no caso de trabalhadores com restrição médica.
Segundo o sindicato, o grupo de operários dispensados ficou fora do acordo fechado pela montadora em suas fábricas paulistas que prevê estabilidade de emprego até 2017. A entidade informa que a fábrica de motores de Taubaté vem operando há quase um ano em esquema de semana curta de trabalho, com um dia a menos de produção. A unidade diminuiu o ritmo após a aposentadoria da linha de propulsores da família Rocam.
De acordo com informações do sindicato, cerca de 500 trabalhadores já aderiram ao PDV da Ford em Taubaté, que está em vigor desde o primeiro trimestre do ano passado. Com as demissões anunciadas ontem, o número de vagas eliminadas chega, portanto, a 637 operários, ou 35% do efetivo da fábrica antes do início do ajuste.
Entre agosto e setembro, a Ford, em duas turmas, colocou 224 empregados de Taubaté em “layoff”, ferramenta em que parte do salário (R$ 1,3 mil) é financiada pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Para evitar demissões, a empresa, em dezembro, entrou em acordo com o sindicato para adiar o retorno deles por mais três meses. Contudo, todo o custo passou a ser assumido pela montadora, sem o apoio do FAT, já que o “layoff” tem duração máxima de cinco meses. Na época, o grupo de trabalhadores afastados já estava mais reduzido porque parte dos operários havia aderido ao PDV. Tais alternativas, no entanto, “foram insuficientes para manter os contratos de trabalho”, como relatou a própria empresa na nota em que confirma as demissões.