As montadoras caminham para ter o pior resultado de vendas no mercado nacional dos últimos quatro anos. Isso porque, pelo ritmo esperado pelas fabricantes para este mês, na melhor das hipóteses, o setor fechará 2014 com 3,46 milhões de unidades vendidas de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, 8% abaixo dos números de 2013. O resultado ficaria acima apenas dos números de emplacamentos de 2009, quando foram licenciados 3,14 milhões de veículos.
O cálculo toma como base a expectativa de média diária de 15 mil unidades em dezembro, que ficaria bem acima do registrado até outubro (em torno de 13 mil por dia) e também mais do que no mês passado. “Em novembro, ultrapassamos com folga as 14 mil unidades diárias, que foram, mais precisamente 14.734. O desafio é a meta de 15 mil unidades”, destaca o presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Luiz Moan.
Essa projeção leva em conta alguns fatores favoráveis para o segmento, entre os quais a nova legislação, que entrou em vigor há poucos dias e que prevê agilizar a retomada do veículo financiado do consumidor inadimplente. Segundo Moan, a expectativa é que, com a nova regra, os bancos passem a oferecer mais crédito e a ficar menos seletivos na aprovação dos financiamentos. “A norma premia quem é adimplente (ou seja, quem paga as contas em dia)”, cita. O dirigente acrescenta que, mesmo com a elevação dos juros básicos da economia (a Selic), pelo Banco Central, a nova lei pode ajudar a contrabalançar isso, e fazer com que as taxas ao consumidor final fiquem estáveis.
A seletividade do crédito por parte dos bancos foi um dos obstáculos para as vendas do segmento neste ano, avalia o presidente da Anfavea. Ainda segundo o dirigente, o ano foi difícil também por causa do excesso de feriados e poucos dias úteis, principalmente no metade inicial de 2014. Até agora (de janeiro a novembro), o setor totaliza 3,13 milhões de unidades comercializadas, 8,4% menos em relação ao mesmo período de 2013.
PREÇOS – Outro fator favorável para as vendas em dezembro é a retirada, a partir de janeiro, do incentivo do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) reduzido para os carros zero. A Anfavea trabalha com a expectativa de que o governo não deve alterar o decreto que retoma o patamar normal do tributo no início de 2015. No caso dos populares (com motor 1.0) a alíquota deve subir de 3% para 7%. De acordo a entidade, os automóveis devem começar 2015 com preços quase 4,5% mais altos que neste ano. Pode ser um estímulo para que os consumidores interessados em trocar de carro efetivem negócios antes da virada de 2014.
PATAMAR – Moan estima ainda que, se mantido o ritmo de vendas do segundo semestre, há a perspectiva de que 2015 seja ligeiramente melhor que em 2014. De julho a novembro, o setor registrou a média de 293 mil licenciamentos por mês, o que é 5,7% superior à média mensal do primeiro semestre.