No Diretas-Já não havia mascarados

Sábado, dia 25, completou 30 anos o grande comício na Sé, em São Paulo, por eleições diretas para presidente da República. Foi um impressionante ato cívico, que reuniu lideranças políticas, governantes ligados ao campo democrático, trabalhadores, estudantes, artistas, intelectuais, movimentos sociais, segmentos da Igreja e até setores esparsos do empresariado.

O ato, pacífico, na principal praça de São Paulo deu sinal para uma imensa quantidade de outras concentrações e manifestos País afora, que colocaram o regime na defensiva e isolaram ainda mais a ditadura.

Esses eventos reuniram milhões. Estávamos todos lá de cara limpa e coração aberto. Foram manifestações ruidosas, mas pacíficas. Não havia mascarados ou cartazes escritos em língua estrangeira. Nada foi quebrado. Ninguém hostilizou sequer a polícia do regime.

O movimento Diretas-Já traduzia um sentimento geral da Nação. Na verdade, expressava o acúmulo de lutas dos brasileiros, como o movimento pela Anistia, o Movimento Contra a Carestia, a Conferência Nacional das Classes Trabalhadoras (Conclat), as passeatas dos estudantes e tantos outros. Tinha causa e essa causa eram a democracia, com o resgate da liberdade.

Por não ter máscara, ser pacífico, ser amplo e ter bandeira definida, o movimento Diretas-Já ajudou a construir um novo Brasil. Um Brasil onde nosso povo pode lutar de cara limpa e peito aberto, porque é desse jeito que vamos combater as injustiças do sistema e fazer um País melhor.