Centenas de trabalhadores metalúrgicos de várias empresas participaram da terceira assembleia regional de mobilização da Campanha Salarial realizada pelo Sindicato nesta quarta-feira, em Mogi das Cruzes, na Vila Industrial, em frente à Rinnai. Os responsáveis pela organização dos trabalhadores foram os diretores Paulão e Silvio.
Como nas duas assembleias regionais anteriores, realizadas nas zonas Sul e Leste, o presidente do Sindicato, Miguel Torres, falou sobre o andamento das negociações com os grupos patronais e da situação de crise econômica e política na qual a campanha salarial acontece.
“Ainda não recebemos nenhuma contraproposta salarial e é preciso conscientizar a categoria para a importância da luta, da participação e da unidade”, afirmou Miguel Torres.
A seguir, o discurso do presidente:
“Nossa data-base é 1º de novembro e o que estamos vendo é que precisamos pressionar para ter uma boa proposta. Estamos vivendo uma crise que junta inflação e taxa de juros alta, falta de investimento, corrupção e crise de confiança. E não há previsão de saída da crise. Estamos vendo as indústrias perdendo competitividade, fechando, demitindo. A Campanha Salarial é o momento de recompor as perdas dos últimos doze meses. Não existe mais uma política automática de reajuste salarial, o que tem são negociações e se há impasse, a Justiça do Trabalho é quem decide.
Neste momento estamos enfrentando muitas dificuldades, os empresários querem tirar cláusulas da convenção sociais que garantem estabilidade aos que estão para se aposentar, para os acidentados no trabalho e quem tem doença profissional. Se não estivermos unidos, organizados, o patronato vai tentar tirar mais conquistas ainda.
O momento é de mobilização e organização e é isso que estamos fazendo, vamos mostrar que não aceitamos o que o patronato quer. Temos que sair da crise com dinheiro no bolso. Se o trabalhador não compra, o comércio não vende, a indústria não produz e começa a demitir. Quanto mais arrocho no salário pior para os empresários. Estamos também defendendo a indústria, o governo fechou linhas de crédito, aumentou a taxa de juros, a Selic está em 14,25%, é a maior do mundo; o empresário que poderia investir vai deixar o dinheiro no banco, que rende mais.
Passamos este ano por ataques em cima dos direitos trabalhistas. O governo começou mexendo no seguro-desemprego, na pensão por morte, no seguro dos pescadores, no abono do PIS, prejudicando os trabalhadores.
Estamos indo pra Brasília toda semana, para pressionar contra essas medidas e outros projetos. Conseguimos barrar algumas investidas, mas temos muitas lutas ainda e só 40 deputados federais da bancada sindical, contra uma maioria de empresários, latifundiários, banqueiros.
Avançamos na luta pelo fim do fator previdenciário; não é o que queremos, mas melhoramos o mecanismo da aposentadoria com a fórmula 85/95. Tem um projeto do deputado Paulinho da Força no Senado que aumenta a remuneração do fundo de garantia, para ser igual à da caderneta de poupança. Hoje, o fundo rende TR (Taxa Referencial) mais 3% ao ano; a poupança rende TR mais 6% ao ano.
O governo quer fazer ajuste na economia para economizar R$ 23 bilhões. A presidente prometeu taxar as grandes fortunas, a remessa de lucros para o exterior e não fez nada disso. Só com estas duas medidas o governo faria uma economia maior que os R$ 23 bi. Os jornais publicaram a lista dos maiores devedores do governo (a dívida total é de R$ 392,2 bilhões). A Vale, em primeiro lugar, deve R$ 42 bilhões; a Parmalat, em segundo, R$ 25 bi; a Petrobras, em terceiro, deve mais de R$ 15,6 bi. Somando só essas três dá mais de R$ 80 bilhões, teria resolvido o problema da crise. Muitos bancos também estão na lista. Mas como eles são empresários, o governo não tem coragem pra enfrentar, prefere ir pra cima dos trabalhadores.
A Revista Exame publicou na semana passada que a cada minuto sete pessoas são demitidas no Brasil. Isto é muito preocupante para nós, que conseguimos uma certa estabilidade de renda e de emprego nos últimos anos e estamos voltando ao patamar do ano 2.000.
Nessa Campanha Salarial temos que ir pra cima para conseguirmos reajuste salarial, que é uma maneira de enfrentarmos a crise, sem pressão vamos perder mais. Se ficarmos quietos a coisa piora. Sabemos a potencialidade que tem o Brasil e não podemos abaixar a cabeça e aceitar desmandos do governo. No seminário da nossa confederação (CNTM), realizado no início do mês, tiramos propostas para enfrentar a crise, e que vamos encaminhar para o governo. Estamos propondo a renovação da frota nacional de veículos, desde minas de minério, passando por tratores, ônibus, vagões ferroviários, carros de passeio até as revendedoras para reestruturar o segmento, o país ganhar um fôlego e voltar a crescer. O Sindicato vai convocar vocês (trabalhadores da categoria) de acordo com os desdobramentos da Campanha. Agora, vamos votar a unidade na luta e mobilização para conquistar nosso aumento salarial e avançar na defesa dos nossos direitos. Mão na mão, punho cerrado: trabalhador unido, jamais será vencido!”
Arakém, secretário-geral
Calendário das próximas assembleias:
Dia 22/10, quinta-feira – Zona Oeste da capital
Assembleia às 8h, na Rua Friedrich Von Voith, 825, bairro Jaraguá, em frente à Voith (referência: Av. Raimundo Pereira de Magalhães com Estrada do Corredor)
Dia: 26/10 (segunda-feira) – Poá
Assembleia às 8h, na Rua Votuporanga, 415, Vila Varela em Poá (em frente à empresa Daneva)
Dia 27/10, terça-feira – Zona Norte
Assembleia às 8h, na Rua Freire Bastos, 89, Jaçanã, (em frente à Aliança Metalúrgica, próximo ao supermercado Bergamini)
Dia 28/10, quarta-feira – Zona Leste (Mooca)
8 horas- Assembleia de mobilização na Praça Lorenzetti com Av. Arno, na Mooca
18 horas – Assembleia decisiva de aprovação do acordo salarial ou greve, no Sindicato (rua Galvão Bueno, 782, Liberdade).