Fale com o Presidente Miguel Torres
11 3388.1073 Central de Atendimento 11 3388.1073

Miguel Torres participa de debate sobre Revolução Russa e os cem anos da greve de 1917.

O presidente do Sindicato e da CNTM, Miguel Torres, participou, na noite desta quinta-feira, dia 21, do debate promovido pelo Sindicato dos Eletricitários de São Paulo sobre a Revolução Russa em 1917 e a greve geral de 1917 no Brasil. Miguel compôs a mesa do debate ao lado de Eduardo Anunciato (Chicão), presidente dos eletricitários; José Maria, da coordenação nacional do Conlutas, e do consultor sindical João Guilherme Vargas Neto.

Os debatedores ressaltaram a importância das duas greves para a vida dos trabalhadores e da população, fizeram um paralelo entre as causas dos dois acontecimentos históricos e relacionaram com o momento atual vivido pela classe trabalhadora brasileira, de retirada de direitos, perda de renda, mudança na seguridade, empobrecimento da população, tentativa de enfraquecimento dos sindicatos, privatizações, jogo político e outros.

O capital concentra
Zé Maria, o primeiro a falar, lembrou que a Revolução Russa destruiu o czarismo e a oligarquia e estabeleceu o poder soviético sob o controle do partido bolchevique. A revolução se dá num contexto da 1ª guerra mundial, economia atrasada e devastação.
No Brasil, o domínio se dá pelo capital. “O capitalismo tem uma lógica que é a concentração da riqueza produzida. A resistência aos ataques é fundamental, mas é preciso ter uma saída mais de fundo para esta situação. A mudança se dará quando a classe trabalhadora assumir o poder”, afirmou.

Quebra tudo
João Guilherme destacou a importância do debate pelo movimento sindical e disse que Temer vai entregar o governo com quebra na relação entre Estado e sociedade, quebra na possibilidade do Estado se colocar mais a serviço da sociedade: quebra do processo, embora lento, da defesa ambiental, e quebra das relações do trabalho.
“A lei trabalhista vai reinstaurar o conflito na relação de trabalho. O trabalhador vai recorrer ao sindicato, por isso, a luta dos metalúrgicos está travando, de reconduzir a resistência, é estratégica”, afirmou.

Orquestração
“A gente tem que pegar a história e tirar proveito dela; temos que atravessar a ponte e enfrentar o outro lado”, disse Miguel Torres, lembrando uma frase do livro “A greve de 1917”, de José Luiz Del Roio, que diz que “não existe conquista definitiva. O capital está sempre na espreita…”

Miguel disse que o movimento sindical ficou adormecido por muito tempo e, para muitos, a luta de classe deixou de existir. Passou por um momento de engordar o gado e levar para o matadouro. “Quem governa é o sistema; as reformas vêm sendo preparadas desde 2002 e as ações são coordenadas. Veio a PEC dos gastos, corte de investimentos em saúde, educação, retirada de direitos, o ataque às reservas nacionais, venda do patrimônio. É uma orquestração bem feita e a saída para os trabalhadores é reagir”, analisou.

Resistência
Segundo Miguel Torres, os trabalhadores ainda não atentaram para os efeitos da reforma. “A obrigação nossa é a resistência, temos que ampliar o movimento dos metalúrgicos para outras categorias e construir uma unidade grande”, afirmou.

Os debatedores destacaram também a importância do movimento Brasil Metalúrgico, de resistência à aplicação da lei (reforma) trabalhista, aprovada no Congresso Nacional, à aprovação da reforma da Previdência e outras reivindicações trabalhistas e nacionais.

Redes sociais
Chicão lembrou que em 1917 não havia whatsapp, facebook, instagran e outras redes sociais como hoje e o povo foi para a rua e parou. “Hoje tem tudo isso e falta solidariedade. Os ataques à infraestrutura, aos direitos dos trabalhadores estão afetando a família. Que a gente construa uma greve geral para marcar os 100 anos dessa história com firmeza e mude a história”, disse.

Foram presença no debate o secretário-geral do Sindicato, Arakém, os diretores Adriano Lateri, Alemão, Maurício Forte, o assessor Sérgio e Mônica Veloso, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco.

Mesa: Chicão, Miguel, João Guilherme e Zé Maria

Diretor Adriano Lateri

Diretor Alemão

História
A Revolução Russa foi um período de conflitos políticos, iniciado em 1917, que derrubou a autocracia russa e, depois do Governo Provisório (Duma), resultou no estabelecimento do poder soviético sob o controle do partido bolchevique, de Vladimir Lênin. O resultado desse processo foi a criação da União Soviética, que durou até 1991.

No começo do século XX, a Rússia era um país de economia atrasada e dependente da agricultura, pois 80% de sua economia estava concentrada no campo (produção de gêneros agrícolas).

Greve Geral de 1917 foi um movimento provocado pelos operários e comerciantes de São Paulo nos meses de junho e julho.
Os trabalhadores pediam melhores condições de trabalho, redução da jornada e aumento de salário. Não havia legislação trabalhista, as jornadas duravam 16 horas por dia, mulheres e crianças realizavam trabalhos pesados e as questões laborais eram resolvidas com a polícia. Depois de cinco dias de paralisação geral, os grevistas tiveram suas reivindicações atendidas.

Em 1917, o mundo vivia a Primeira Guerra Mundial que fazia estragos econômicos e sociais nos países europeus. Igualmente, assistia a tomada do poder por socialistas e comunistas, na Rússia.

Por sua vez, o Brasil vivia um período de instabilidade econômica provocada pela escassez de alimentos e, consequentemente, de inflação.

Segundo o jornalista Edgar Leuenroth, a Greve Geral de 1917 deixou marcas entre os trabalhadores urbanos brasileiros:
-o operariado brasileiro adquire consciência de classe,
-desenvolvem-se os primeiros sindicatos a partir das ligas de classe dos bairros,
-divulgação e fortalecimento das ideias de esquerda no Brasil
-a resolução de conflitos sociais não deveria ser resolvida através da polícia.