O Sindinapi (Sindicato Nacional dos Aposentados e Pensionistas), da Força Sindical, colocou o seu “bloco” na rua nesta quinta-feira, para protestar contra as medidas do governo que vêm prejudicando os aposentados e trabalhadores, cobrar respeito e mostrar suas reivindicações à sociedade. O bloco desfilou pela Avenida Paulista – da praça Osvaldo Cruz até o Masp – e arrastou milhares de “foliões” de várias entidades sindicais, que apoiaram maciçamente a manifestação, entre elas os metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes com toda a sua diretoria e assessoria.
O desfile foi aberto com uma grande queima de fogos e o refrão do samba “você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão”.
O bloco “Unidos dos Aposentados” estava completo. Tinha Comissão de Frente, seis Alas temáticas com 250 componentes cada uma – Ala das Reivindicações, da Saúde, Custo de Vida, da Justiça, Pensionistas e dos Futuro Aposentados, samba-enredo e rainha da bateria. As alas estavam divididas por cores, com componentes empunhando bandeiras e cartazes com as reivindicações dos aposentados.
A Comissão de Frente era integrada por lideranças sindicais, como Carlos Ortiz, presidente do Sindinapi, Paulinho, presidente da Força Sindical, Miguel Torres, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e da CNTM, entre outros.
“Precisamos pressionar não só o governo, mas também os políticos, para que façam leis para melhorar a vida dos aposentados. Temos que ter uma política de valorização dos aposentados e uma política de inflação diferenciada para o aposentado, seja no remédio, na habitação. Os trabalhadores podem ajudar muito, se mobilizando e pressionando”, disse Miguel Torres.
Clique para ouvir: Presidente Miguel Torres apoia aposentados
O Samba-Enredo “Por igualdade social, para quem lutou a vida inteira”, composto por Binho, Diego Miguel e Pedrinho, integrantes da Escola Gaviões da Fiel, deu o ritmo do desfile dos aposentados.
Carlos Ortiz, presidente do Sindinapi, explicou o objetivo do ato. “Resolvemos inovar na sua forma de protesto e montamos uma escola de samba para expor nossas reivindicações à sociedade, porque os aposentados e pensionistas estão cansados de ser invisíveis para os governantes e os políticos”.
Para João Inocentini, “neste País, onde o Carnaval tem mais importância do que a vida das pessoas, quem sabe colocando nossa pauta em forma de samba-enredo os governantes passem a entender a mensagem de que os aposentados precisam ser valorizados, de que há muito por fazer para assegurar condições dignas para quem já tanto fez pelo Brasil”.
“Essa é uma forma diferente de protesto!”, declarou Paulinho da Força. “Defendemos os direitos dos aposentados. Além disto, esta também é uma forma de enfrentarmos a reforma da Previdência e dizer: Não mexam nos nossos direitos”.
Paulinho ressaltou, ainda, que o governo quer mexer na idade mínima, e que por isto foi feito um tipo de protesto diferente para dizer que não aceitamos essa mudança que o governo quer fazer. Vamos realizar muitas manifestações e vamos para o Congresso com a finalidade de impedir que votem essa proposta. “Vamos continuar a batalha para acabar com o Fator Previdenciário e lutar para aumentar os vencimentos dos aposentados”, destacou. Sobre a desaposentação, Paulinho declarou que “esta é uma luta histórica, uma batalha que vamos continuar travando”.
“O ato é importantíssimo porque os aposentados são os mais prejudicados pela política econômica equivocada do governo, além de enfrentarem problemas quando procuram atendimento médico, quando têm de adquirir remédios de uso contínuo e quanto à sua mobilidade urbana. Os aposentados devem ser lembrados nas decisões políticas e econômicas”, afirmou Juruna, secretário-geral da Força Sindical.
Confira a estrutura da Escola de Samba
Comissão de Frente (colete laranja): formada por lideranças sindicais.
1) Ala das Reivindicações (colete amarelo): pela recomposição do poder de compra das aposentadorias, por reajuste com aumento real para quem recebe acima do salário mínimo, pela abertura e transparência das contas da Previdência e pela isenção do IPTU para aposentados com baixa renda, entre outras.
2) Ala da Saúde (colete branco): pela garantia de saúde pública gratuita e de qualidade, pela manutenção e ampliação da política de distribuição gratuita de remédios de uso contínuo e por amparo aos cidadãos da Terceira Idade por meio de “Casas de Idosos”.
Bateria (colete da Força): composta por 40 integrantes da Gaviões da Fiel, que ditaram o ritmo da manifestação.
3) Ala Custo de Vida (colete vermelho): pela redução das taxas de juros, pela isenção do Imposto do Renda para os aposentados, contra as tarifas abusivas e pelo combate à inflação, que corrói ainda mais os benefícios já defasados ao longo dos anos.
4) Ala da Justiça (colete preto): pelo direito à revisão do benefício (desaposentação) para quem aposentou mas continua trabalhando e contribuindo, pela correção do FGTS, pela revisão do PIS, pelo processo da revisão da poupança, pela recuperação do poder de compra das aposentadorias e por outros temas importantes que estão travados no Judiciário.
5) Ala das Pensionistas (colete roxo): contra as medidas do governo, que alteraram as regras de concessão dos benefícios às viúvas. O Sindicato dos Aposentados compreende que existem distorções, mas afirma que o governo não pode tomar decisões que generalizem e comprometam a renda da maioria das mulheres que dependem da pensão para sobreviver.
6) Ala Futuro Aposentado e Juventude (colete laranja): o problema da Previdência Social não se restringe aos aposentados e pensionistas. Por isto uma ala com trabalhadores da ativa e de jovens que, no futuro, encerrarão o ciclo laboral e terão de viver das aposentadorias.
No fim do desfile, no Masp (Museu de Arte de São Paulo), Carlos Ortiz declarou que havia sido questionado, se a um ato de protesto em forma de desfile de Carnaval desmerece as causas dos aposentados. Ele rebateu: “Palhaçada, a vida do trabalhador e do aposentado é um verdadeiro samba. Eles sambam a vida toda para trabalhar e quando se aposentam têm que sambar pra defender seus benefícios. Não estamos mortos, não, e iremos para a rua quantas vezes for preciso para defender nossa aposentadoria, a aposentadoria de quem ainda não se aposentou, porque esse governo quer impor uma idade mínima pra dificultar a aposentadoria”, afirmou.
Veja abaixo a letra do samba-enredo
Por igualdade social, para quem lutou a vida inteira
clique para ver a passista da escola dos aposentados
Refrão
Por igualdade social
Por quem lutou a vida inteira
O Carnaval hoje é em forma de protesto
O Sindnapi faz seu manifesto
Já passou da hora da mudança
A esperança de um Brasil bem melhor
Mais saúde, menos inflação, comida na mesa, educação…
Pelo direito dessa gente que tanto labuta
Da mulher que foi à luta e tanto fez acontecer, vamos trazer…
Verdadeira solução, valorizar o aposentado que construiu essa nação
Bis – E quem plantou não colheu, chega de corrupção… Vamos pra rua…
Remédio pra melhorar, pro bem da população
Essa é nossa luta e continua…
Quero qualidade de vida
Para o amanhã ser mais feliz
Ter justiça e igualdade, formando um novo País
Um alerta à juventude, por um futuro com dignidade
Façam valer a nossa força, união e ideais…
Jamais irão morrer os nossos sonhos
Nunca irão calar a nossa voz
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