O sindicalismo que se perdeu

 

Por Rodrigo de Morais

Diante do cenário catastrófico de desmonte de diversas instituições que atuam nas relações de trabalho no Brasil, quero destacar o sindicalismo que até pouco tempo exercia um forte protagonismo no cenário político brasileiro. Um protagonismo construído com muita luta, sangue e suor dos trabalhadores.

Um sindicalismo que teve participação fundamental para a redemocratização do País e para a Constituição de 1988, se fortalecendo com a eleição de alguns representantes no Congresso Nacional e, atingindo o seu ápice, com a eleição de Lula para presidente da República em outubro de 2002.

Creio que, desde então, apesar das significativas contribuições para os avanços sociais e econômicos, o sindicalismo se acomodou em duas posições. Alguns representantes deixaram de fazer a pressão necessária ao governo do presidente que nasceu do movimento sindical e outros decidiram atuar como opositores, torcendo e trabalhando para que o governo Lula fracassasse.

Acontece que -no período do governo Lula- o Brasil cresceu, “como nunca antes na História do nosso País”, e os números estão aí para comprovar as melhorias nos nossos índices sociais e econômicos.

Mesmo assim, companheiros de diferentes instituições sindicais passaram a se aliar aos algozes da classe trabalhadora, “os maus patrões”, segmento predominante na correlação de forças dentro do Congresso Nacional. Esta posição faz com que o sindicalismo perca parte de sua autonomia e passe a servir de base de sustentação de interesses políticos que na maioria das vezes não têm a aprovação dos trabalhadores.

A instabilidade política provoca, então, uma crise de representatividade que se aprofunda e se espalha por diferentes instituições (governos, partidos políticos, empreiteiras, estatais e sindicatos etc.), criando assim um ambiente hostil para as que atuam nas relações de trabalho.

Me preocupa e muito me entristece ver companheiros, com grandes trajetórias de lutas em defesa da classe trabalhadora, se aliando e, consequentemente, se iludindo com aqueles que querem claramente destruir as representações sindicais e os direitos e as conquistas históricas do trabalhador e do povo brasileiro.

Este apoio aos pseudo-reformistas, lesas-pátrias, e ao que existe de pior na política brasileira, vai custar muito caro. Ouso dizer que há momentos na vida que é melhor arriscar perder do lado certo do que ganhar do lado errado!

Dedico esta reflexão a todos os companheiros e companheiras de luta em defesa dos reais interesses da classe trabalhadora e do futuro do Brasil!

Rodrigo de Morais
diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes e secretário de Comunicação da Força Sindical SP