Um operário e um engenheiro residente são as novas vítimas de acidentes de trabalho na construção civil da Baixada Santista. Sem óbito, a ocorrência foi na segunda-feira (24).
Só neste ano, segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil, Montagem e Manutenção Industrial (Sintracomos), Macaé Marcos Braz de Oliveira, houve dez acidentes, um deles fatal.
“Isso representa a média de um por semana”, reclama o sindicalista. Nesta segunda-feira, o operário Valdemar Rodrigues dos Santos, 42 anos, caiu do terceiro andar de um prédio em construção, em Santos.
Antes dele, no mesmo prédio, esquina das ruas Rua Joaquim Távora e José Gonçalves da Mota, no bairro Marapé, caiu o engenheiro Marcos. O operário teve deslocamento em um músculo acima do fêmur.
O duplo acidente foi por volta das 15 horas. O barulho da queda do operário chamou a atenção de pessoas que passavam pelo local. Ele foi resgatado pelo Samu e removido ao pronto-socorro central.
No final da tarde, o trabalhador foi internado na Santa Casa de Santos, onde dois diretores do Sintracomos acompanham o caso. O sindicato apurou, de início, que o engenheiro teve luxação no braço.
Itanhaém
Em 5 de fevereiro, o trabalhador Victor Mariano Ferreira, de 28 anos, acidentou-se em Itanhaém e ainda está no Hospital Irmã Dulce, em Praia Grande.
Dois dias depois, em 7 de fevereiro, centenas de trabalhadores de empreiteiras protestaram diante da portaria da Usiminas, em Cubatão, onde prestam serviços.
Com 55 cruzes negras, simbolizando o número de trabalhadores mortos na fábrica de aço desde 1993, eles participaram de ato ecumênico, entre 7h30 e 9 horas.
O óbito mais recente foi em 29 de janeiro, com o soldador Paulo Dias de Moura, 58 anos, da empreiteira Delta, após cair de uma plataforma de 30 metros.
OIT e Dilma
Macaé já levou o assunto ao Ministério Público do Trabalho (MPT) e denunciará a sequência de acidentes à Organização Internacional do Trabalho (OIT).
O sindicalista também comunicará o problema à presidenta Dilma Rousseff e ao presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Antônio Skaf.
O sindicato tem feito diversas reuniões de prevenção e medicina de trabalho. E desenvolvido uma campanha com o lema ‘Trabalhar sim, morrer não’.
Sindicato e empresas debatem insegurança
“Apesar de algumas estatísticas mágicas afirmarem que o número de acidentes vem diminuindo, na construção civil, a realidade é assustadora, com inaceitável incidência de mortes e mutilações”, diz Macaé.
Preocupado com isso, o sindicalista promoveu reunião com as empresas, sobre o assunto, em 12 de fevereiro, na sede do Sintracomos, cuja diretoria tem visitado diariamente as obras.
Toda segunda-feira, os diretores se reúnem para avaliar os problemas de segurança e medicina do trabalho. O livre acesso do sindicato às obras é garantido pela convenção coletiva de trabalho.
Os representantes das empresas ouviram atentamente as ponderações do sindicalista, fizeram anotações e ficaram de resolver os problemas. Em breve, o sindicato proporá nova reunião.
Segurança em debate
As seguidas mortes e mutilações por acidentes de trabalho, na construção civil, montagem e manutenção industrial, serão debatidas no sindicato, em 27 de março, uma quinta-feira, às 18 horas.
O engenheiro de segurança do trabalho Jansen Wagner Gallo, o presidente do sindicato, Macaé Marcos, e o técnico em segurança na Petrobras e professor universitário Samyr Barcot serão os palestrantes.
O debate será no amplo, confortável e bem equipado auditório da Rua Júlio Conceição, 102, Vila Mathias, Santos. É promovido pelo Sintracomos e Sinpolsan (sindicato dos policiais civis).
O sindicato convidará prefeitos, vereadores, representantes do Ministério do Trabalho, do MPT, INSS, autoridades, sindicalistas e trabalhadores para o simpósio, que tem apoio das centrais Força Sindical, UGT e Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST).