Luciano Máximo
Pesquisa mostra que 69% são contra atual reforma da Previdência Por Luciano Máximo | Valor SÃO PAULO – Pesquisa digital feita pela MindMiners em todo o Brasil mostra que 68,7% das pessoas ouvidas são contra a nova versão da reforma da Previdência do governo Michel Temer (PMDB), enquanto 12,5% delas são favoráveis e 18,8% não souberam opinar. O levantamento com 2.257 entrevistados foi feito em 24 de novembro por meio de aplicativo eletrônico, dois dias depois da divulgação do novo parecer da proposta.
Dados coletados em março deste ano pela MindMiners, quando a reforma previdenciária proposta pelo governo era mais ampla, apontaram 72% de rejeição e apenas 11% de aprovação.
De acordo com a pesquisa, os contrários à reforma argumentam, entre outros pontos, que a população não foi envolvida nas discussões, que os mais pobres sairão perdendo no futuro e que o desequilíbrio das contas previdenciárias não é o causador do problema fiscal brasileiro.
Já os apoiadores da reforma sustentam que ela é necessária para garantir o benefício previdenciário no futuro, ajudar a eliminar diferença de benefícios entre trabalhadores dos setores público e privado e evitar que o “país quebre”.
A pesquisa da Mindminers também mostra que 33,1% dos entrevistados “estão por dentro de tudo” sobre a reforma da Previdência, enquanto 54,5% conhecem o tema superficialmente e 21,4% têm se informado pouco sobre o assunto.
O levantamento é bastante heterogêneo, com homens e mulheres de 16 a 65 anos, das classes A, B e C. Entre os entrevistados, 46,8% estão empregados com carteira assinada, 10,1% têm vínculo empregatício como pessoa jurídica, 40,9% são desempregados e 2,2%, aposentados. Pouco mais de 20% deles ganham um salário mínimo e cerca de 50% responderam que recebem entre um e três salários mínimos, enquanto 18,2% ganham entre quatro e seis mínimos e os 11,4% restantes, acima de sete mínimos.
Segundo Rodrigo Patah, analista de projetos da da MindMiners, empresa de pesquisa digital que tem como clientes Coca Cola, Ambev, Loreal, entre outros, a pesquisa sinaliza que o governo não está conseguindo comunicar bem a reforma da Previdência com a sociedade.
“A comunicação do governo de bater na tecla do combate aos privilégios parece não estar funcionando: assim como na pesquisa anterior. De qualquer modo, neste cenário de governo impopular, altos índices de corrupção e vindo de três anos de crise econômica, vai ser muito difícil convencer a população a respeito da necessidade da reforma”, diz Patah.
Ele observa que a insistente piora da percepção da sociedade sobre o governo Temer pesou no resultado da pesquisa. “Entre os que avaliam o governo Temer como ótimo, bom ou regular, a aprovação à proposta de reforma previdenciária atinge 42%; já entre os que consideram a gestão ruim/péssima, a aprovação cai para apenas 7%. Já é uma reforma difícil para um governo com altos índices de popularidade em qualquer país do mundo. Se torna ainda mais complexa para um governo impopular, num país com inúmeros escândalos de corrupção e que acabou de sair de uma fortíssima recessão.”