Pirelli põe 447 operários em lay-off em sua fábrica de Santo André a partir de hoje

Depois de prever inicialmente que colocaria em lay-off (suspensão temporária de contratos) 450 funcionários da fábrica de Santo André, rever esse número para 380 e, na semana passada, afirmar que ainda não tinha definido a quantidade de trabalhadores, ontem a Pirelli voltou atrás ao determinar que cerca de 450, mais precisamente, 447 empregados, ficarão em casa pelo prazo de cinco meses, de acordo com o que foi combinado com o Sindicato dos Trabalhadores Borracheiros de São Paulo.

Nesse período, além do valor de R$ 1.385,91 para cada profissional, que será pago pelo Ministério do Trabalho com recursos provenientes do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), a empresa complementará o restante para que eles recebam o valor equivalente ao salário líquido. Como contrapartida, dentro das regras do lay-off, os empregados terão de passar por cursos de qualificação por esse prazo.

O sindicato informou que a saída dos 447 será escalonada, a partir de hoje até a próxima semana. Isso significa que, a cada dia, um grupo de empregados terá o contrato suspenso até se atingir o número definido pela companhia. O presidente da entidade dos trabalhadores, Márcio Ferreira, explica que a fabricante não poderia colocar todos de uma vez em casa, porque é preciso diminuir o ritmo por etapas fabris, para não haver perdas no processo produtivo.

O dirigente destacou que será mantida a escala de 6×2 (ou seja, seis dias de trabalho com dois de descanso), com jornada semanal de 39,5 horas – que era uma conquista histórica da categoria. A empresa havia proposto inicialmente ampliação para 6×1 (com apenas uma folga) e 44 horas de trabalho semanal.

Para Ferreira, o importante é que os empregos sejam preservados e que esse pessoal volte o mais rápido possível à fábrica, que conta ao todo com 2.500 funcionários. “Isso vai depender do mercado, se não melhorar, eles devem voltar só no fim do prazo.”

O sindicato apresenta hoje a pauta de reivindicações da categoria para o setor patronal. Os operários querem 2% de aumento real – o que daria 12% de alta, considerando a inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que nos últimos 12 meses até maio deve oscilar entre 9,5% e 10%. A data base do setor é 1º de junho.