Plano de renovação de frota une metalúrgicos e Anfavea com potencial de alta de 1,8% no PIB

Trabalhadores e empresários aceleram diálogo para formular propostas de superação da crise econômica; plano de renovação de frota de veículos é ponto em comum. Sindicalistas Miguel Torres, presidente da Força Sindical, e Rafael Marques, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, defendem proposta que, segundo o Dieese, pode elevar PIB em até 1,8% em 2016 e criar mais de 300 mil empregos. O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos (Anfavea), Luiz Moan, abraça a proposta; Dieese faz desenvolvimento; donos de automóveis e caminhões usados teriam programa oficial de bônus para a compra de veículos 0 km; frota com mais de 20 anos seria destinada a reciclagem; programa seguiria até 2035

Aprovada em Seminário da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM), realizado no mês passado, em São Paulo, a proposta de criar no Brasil um programa de longo prazo de renovação da frota automotiva está empolgando as centrais sindicais CUT e Força Sindical. Com fortes bases entre sindicatos de metalúrgicos, as duas centrais já desenvolvem em conjunto com o Dieese um plano técnico de implantação, a ser oferecido ao governo federal.

A proposta também tem o apoio da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos (Anfavea). O presidente da entidade, Luiz Moan, já teve um encontro preliminar com os sindicalistas e acertou a participação da Anfavea no desenvolvimento e divulgação da proposta.

“Inicialmente, a renovação de frota pode começar pelos veículos com mais de 20 anos de uso, que podem servir de moeda de troca, associados a um bônus, e seriam destinados à reciclagem”, diz Miguel Torres, presidente da CNTM e da central Força Sindical.

O plano teria a extensão de 20 anos, incorporando a cada ano os veículos que entrassem nessa condição de tempo de uso.

Os valores dos bônus e fontes de financiamento estão sendo calculados pelo Dieese, em estudo a ser divulgado nas próximas semanas.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, e o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos, Paulo Cayres, ambas as entidades ligadas à CUT, também são entusiastas da ideia e estão trabalhando na elaboração do programa, que neste momento vai sendo chamado por dois nomes: Proposta de Reciclagem e Renovação de Frota no Brasil e Programa de Sustentabilidade Veicular.

A primeira versão sugere que a Cide – Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico – poderia ter parte de sua arrecadação destinada a financiar os bônus de troca que incentivariam os proprietários de veículos usados a optarem por novos.

O projeto de sustentabilidade veicular indica, em seus cálculos iniciais, que a renovação de frota pode ser responsável por um crescimento de até 1,8% do PIB já no próximo ano, com a criação de 342 mil empregos na cadeia produtiva e a arrecadação de cerca de R$ 20 bilhões em tributos.

Esse plano projeta reciclagem de 500 mil carcaças de caminhões no próximo ano, com incentivo às trocas começando por governos estaduais e municipais. O estudo completo já soma 30 páginas e contém exemplos de programas similares adotados em países como Argentina, Holanda e Portugal.