FONTE: Renato Ilha,da Ilha da Notícia

A Oficina Mundo do Trabalho reuniu sindicalistas do Brasil e convidados do exterior para manifestar o pesar da classe trabalhadora em respeito morte de dezenas de pessoas, em sua maioria jovens, no trágico incêndio em uma casa noturna, em Santa Maria – Região Central do Rio Grande do Sul –, na madrugada de 27 de janeiro. O Mundo do Trabalho cancelou a programação inicial para promover ato de solidariedade às famílias.

Coordenador dos trabalhos, o presidente da Força Sindical gaúcha e vereador eleito com mais de 10 mil votos, Clàudio Janta abriu a reunião manifestando a dor de todos com o triste acontecimento. Ele pediu aos presentes que fizessem um minuto de silêncio e não poupou críticas à legislação que ainda permite que centenas de pessoas se aglomerem em locais em que não há condições de proteção ao trabalho e à vida, lamentando a perda de tantas vidas em razão de tamanho descaso.

Lamentando as mortes, Salvador Medina, da Confederação Sindical Internacional (CSI) e da Confederação Sindical das Américas (CSA), declarou o profundo pesar destas organizações aos familiares das vítimas, à cidade de Santa Maria e aos brasileiros, cobrando sanções exemplares aos responsáveis por sinistros.

Igor Urrukoexea, da Federação Sindical Mundial (FSM) manifestou solidariedade ao povo brasileiro e pregou a  necessidade de rever as condições de segurança em casas noturnas, especialmente nas grandes cidades, defendendo políticas que priorizem as pessoas e não o negócio.

VOLTA DO PRAGMATISMO – Em que pese a tragédia, José Calixto Ramos, presidente na Nova Central (NCST) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI) argumentou que o trabalho do Fórum Social Mundial Temático (FSMT) não poderia ser totalmente interrompido. Ele se queixou da atual postura do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) focalizando sua fala na ótica do trabalho decente. Para Calixto, é preciso retomar o pragmatismo do MTE, “que é dos trabalhadores e não pode ser tratado como o primo pobre do governo”.

Em nome do Ministério do Trabalho e Cláudio Corrêa cobrou responsabilização das autoridades de licenciaram a boate Kiss e permitiram a superlotação da casa, o que pôs em risco a vida de todos, inclusive dos trabalhadores. Corrêa lembrou que oito funcionários da boate morreram no peisódio, fato que não foi destacado pela mídia. Aproximar o MTE dos sindicatos e dos trabalhadores e produzir um projeto que admita a fiscalização de casas noturnas é um processo em construção, na opinião do superintendente.

Coordenador regional do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), Ricardo Franzói declarou que apresentaria relatório sobre o Observatório do Trabalho e a ação política do Sindicato dos Empregados no Comércio de Porto Alegre (Sindec) que consiste no monitoramento do transporte coletivo, mas aproveitaria para denunciara a impunidade e pedir que fossem levantadas as responsabilidades.
Eremi Melo, diretora da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil  (CTB) leu a nota oficial assinada pelas centrais (Força Sindical, Nova Central, UGT e CTB) sobre o trágico acontecimento, em cujo texto é manifestada a indignação diante do ocorrido.

“…Em nome da classe trabalhadora que representamos e, principalmente, em nome daqueles que neste momento sequer possuem forças para expressar qualquer indignação, viemos a público exigir a rigorosa e transparente apuração dos fatos e a devida responsabilização criminal de todos os entes (civis ou públicos) que negligenciaram e concorreram para esta tragédia”.

Manifesto-

MANIFESTO UNITÁRIO DAS CENTRAIS SINDICAIS
ENTIDADES SIGNATÁRIAS DO “MUNDO DO TRABALHO” NO FSM (TEMÁTICO) POA

É com tristeza e consternação que as Centrais Sindicais, abaixo firmadas, irmanam-se aos milhões de brasileiros e de brasileiras para chorar e lamentar a trágica perda de 232 jovens ocorrida em 27/jan na cidade de Santa Maria.

Aos familiares e amigos, manifestamos o mais profundo sentimento de dor, pesar e solidariedade dos trabalhadores e trabalhadoras do Rio Grande do Sul e do Brasil.
Respeitamos a opinião dos que consideram adequado ficarmos fechados de luto e em silêncio nesta ocasião tão dolorosa. Mas, coletivamente decidimos não calar diante de tamanha calamidade como se fosse meramente um fato extraordinário e pontual.

Nós, entidades sindicais, em nome da classe trabalhadora que representamos e, principalmente, em nome daqueles que neste momento sequer possuem forças para expressar qualquer indignação, vêm a público exigir a rigorosa e transparente apuração dos fatos e a devida responsabilização criminal de todos os entes (civis ou públicos) que negligenciaram e concorreram para esta tragédia.

O Mundo do Trabalho suspendeu todas as atividades lúdicas e festivas em respeito às vítimas, em solidariedade às famílias e em cumprimento ao Luto decretado pela Presidenta Dilma Roussef e pelo Governador Tarso Genro. Recomendamos ao Comitê Organizador Local do Fórum Social Mundial (Temático) Porto Alegre o imediato cancelamento das atividades musicais e culturais. Entendemos que o momento exige de nossa parte muita reflexão. Por esta razão, decidimos manter os debates temáticos sobre “UM NOVO MUNDO É POSSÍVEL”, que também era o sonho dos 232 jovens de Santa Maria.

As Centrais Sindicais reafirmam a unidade em defesa do desenvolvimento nacional, da distribuição de renda por intermédio da valorização do trabalho e das demais reivindicações baseadas na agenda aprovada na Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (CONCLAT), cujas propostas constam do documento que será entregue ao Governo Federal durante Ato Público convocado para dia 06 de março de 2013 em Brasília.

ESTAMOS DE LUTO!

CENTRAL GERAL DOS TRABALGADORES DO BRASIL – CGTB
CENTRAL DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS DO BRASIL – CTB
FORÇA SINDICAL – FS
NOVA CENTRAL SINDICAL DOS TRABALHADORES – NCST
UNIÃO GERAL DOS TRABALHADORES – UGT