Em reunião na quarta (23) na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF), a Frente Parlamentar Mista da Engenharia, Infraestrutura e Desenvolvimento Nacional, presidida pelo deputado federal Ronaldo Lessa (PDT-AL), colocou em pauta a pretensão do governo federal de privatizar a Eletrobras.
No ensejo, Murilo Pinheiro, presidente da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) – que também está à frente do SEESP –, reafirmou a posição da entidade contrária à entrega do patrimônio público à iniciativa privada, em favor da retomada do crescimento socioeconômico nacional.
“Não é o momento da privatização da empresa, que detém muito poder na geração de energia. É ruim para os trabalhadores e para todos os cidadãos brasileiros. É momento de discutir oportunidades, desenvolvimento, trabalho. É extremamente importante debater esse assunto, sendo que mais essa privatização traria grandes problemas para o País. É nossa maior empresa de energia. Precisamos trazer o presidente da Eletrobras e as equipes das usinas, questionar o valor que está sendo colocado para venda, muito abaixo do que vale, em detrimento do patrimônio nacional”, destacou, colocando a FNE e sindicatos a ela filiados à disposição para atuação no sentido contrário ao pretendido pelo governo.
Reportagem publicada na última edição do jornal Engenheiro, da FNE, intitulada Privatizar a Eletrobras é mau negócio para o País, aponta uma série de implicações com o Projeto de Lei 9.463/2018, que desestatiza a empresa – e tramita atualmente em uma comissão especial. O tema era objeto também da Medida Provisória 814/2017, mas ontem (22) o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), decidiu não colocá-la em votação.
Entre os questionamentos em relação à privatização da Eletrobras está o preço de venda. A previsão de arrecadação ao Tesouro, como indica na matéria o engenheiro José Antonio Latrônico Filho, representante da FNE nas negociações coletivas com a empresa e presidente da Associação Brasileira de Engenheiros Eletricistas (Abee), é de R$ 12,2 bilhões, ante ativos da estatal que podem chegar a R$ 350 bilhões, segundo dados do mercado. A Eletrobras é a maior holding de energia da América Latina e responde por 31% da geração no Brasil e 47% da transmissão. Por isso mesmo, os valores vêm sendo contestados por técnicos, políticos e juristas.
Soraya Misleh/Comunicação SEESP
Fotos: Paula Bortolini