Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, 102 empresas informaram intenção de dar férias coletivas a 34 mil trabalhadores
ANNE WARTH
Com a redução do ritmo da atividade econômica e aumento dos estoques, as indústrias começam a anunciar férias coletivas. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, Miguel Torres, disse que 102 empresas da sua base informaram a intenção de dar férias coletivas a 34 mil trabalhadores.
No fim do ano passado, foram 80 empresas e 15 mil trabalhadores, ou seja, o número de companhias é 27,5% maior que o de 2010. Entre as empresas confirmadas pelo sindicato, estão a Fame, fabricante de chuveiros e material elétrico, Aliança Metalúrgica, FCI e Big Rodas.
Outro indicador de que as empresas já reagem ao desaquecimento da economia é a extensão das férias coletivas propostas. O vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques da Silva, afirmou que as empresas da região, que concentra grande parte das montadoras e indústrias de autopeças do País, aumentaram a duração das férias neste ano comparativamente aos últimos três anos.
A maior preocupação do sindicato, segundo Silva, é com as fabricantes de autopeças, que, além de acompanhar as paradas das montadoras, têm enfrentado a competição dos importados. “Antes, as férias coletivas se restringiam ao período entre o Natal e o Ano-novo. Mas, neste ano, algumas vão parar por 20 ou 30 dias”, afirmou. “Tem a ver, sim, com queda nas vendas”, admitiu Silva. As montadoras, no entanto, negam que os estoques estejam elevados e afirmam que as paradas são normais e ocorrem todos os anos.
Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, Cláudio Gramm, a fábrica de motores da Renault em São José dos Pinhais (PR) vai parar por 20 dias a partir de 12 de dezembro. A empresa informou que a produção de automóveis ficará suspensa entre 26 de dezembro e 9 de janeiro.
A fábrica da Volkswagen em São José dos Pinhais (PR) também deve dar férias coletivas no fim do ano, segundo Gramm. Parte da produção parou entre 10 e 23 de outubro e deve parar por mais 10 dias depois de 15 de dezembro. “A empresa deu férias coletivas mesmo depois que os funcionários entraram em greve por 37 dias. Os estoques continuam elevados”, disse Gramm. A Volkswagen não confirmou a informação e disse que ainda não definiu as férias coletivas em suas unidades no Paraná, São Bernardo, São Carlos e Taubaté.
Na fábrica da Ford em São Bernardo do Campo (SP), a unidade de automóveis para em 12 de dezembro e retorna em 4 de janeiro. A produção de caminhões vai parar em 2 de janeiro e retorna apenas no dia 24. As unidades de Taubaté (SP) e Camaçari (BA) não entrarão em férias coletivas, mas algumas áreas da unidade do interior paulista já haviam parado em setembro e outubro.
A Scania, em São Bernardo, vai entrar em férias coletivas no dia 2 de janeiro. A produção recomeça em 1.º de fevereiro. Segundo a empresa, nesse período a linha passará por ajustes para começar a produzir os motores de acordo com a nova norma técnica de emissão de poluentes.
A Peugeot Citroën, com fábrica em Porto Real (RJ), vai dar férias coletivas de 26 de dezembro a 24 de janeiro. A GM, com fábricas em São Caetano do Sul (SP), São José dos Campos (SP) e Gravataí (RS), ainda não definiu o período de férias coletivas.