PEDRO SOARES
DO RIO
A produção industrial recuou 2% em maio na comparação com abril, mais do que eliminando o crescimento de 1,9% registrado no mês anterior contra março (dado revisado).
O dado foi divulgado nesta terça-feira (2) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O resultado — o pior para o setor desde fevereiro deste ano (-2,3%)– foi inferior à média das expectativas de 29 analistas consultados pela agência Reuters, de queda de 1%, e de 14 consultores ouvidos pelo Valor, de recuo de 1,1%.
Já em relação a maio de 2012, houve alta de 1,4%. Com esse resultado, o acumulado de 2013 ficou positivo em 1,7%.
Apesar do melhor desempenho no início deste ano, a indústria ainda acumula perdas em períodos mais longos. Nos últimos 12 meses encerrados em maio, a taxa ficou negativa em 0,5%.
Entre os setores, os destaques negativos de abril para maio ficaram com o setor mobiliário (-11,4%), de perfumaria e produtos de limpeza (-8,2%), máquinas e equipamentos (-5%), alimentos (-4,4%) e veículos (-2,9%).
Entre as altas, os destaques ficaram com bebidas (4,8%) e refino de petróleo e produção de álcool (1,6%).
Segundo o IBGE, a queda foi generalizada. Dos 27 setores, 20 registraram desempenho negativo de abril para maio.
Dentre as chamadas categorias de uso (o destino dos produtos), todas tiveram retração. Os piores resultados ficaram com bens de capital (-3,5%) e bens duráveis (-1,2%).
Também tiveram queda bens intermediários (-1,1%) e bens semi e não duráveis (-1%). Essas duas últimas foram prejudicadas pelo fraco desempenho de alimentos e veículos, respectivamente.
ESTOQUES
Para André Macedo, técnico do IBGE, os estoques elevados de vários setores, apontados por pesquisas da FGV (Fundação Getulio Vargas) e da CNI (Confederação Nacional da Indústria), são “uma variável importante” para explicar o desempenho ruim da indústria em maio.
Segundo o economista, outros fatores que já vinham prejudicando a indústria também tiveram impacto no resultado de maio, como alta das importações, recuo das exportações e menor consumo interno.
Macedo diz que a queda de maio “elimina” o crescimento de 2,6% acumulado entre março e abril, quando a indústria cresceu com mais força e gerou uma expectativa positiva para o setor.
“O fato de maio ter eliminado o crescimento dos dois meses anteriores e de ter mostrado um perfil generalizado de queda reverte uma expectativa de melhora mais firme da indústria.”
O técnico ressalta, porém, que a indústria ainda mostra um desempenho melhor no começo deste ano do que no fim de 2012.