O mês de janeiro interrompeu uma sequência de 34 quedas consecutivas da produção industrial na comparação anual. Em relação a janeiro de 2015, a produção cresceu 1,4% -acima do 1% esperado por analistas.
Na comparação com dezembro, houve leve retração de 0,1%, de acordo com dados divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira (8).
A melhora, contudo, ainda é muito frágil para ser interpretada como uma recuperação, avaliam economistas.
Isso porque a base de comparação é muito ruim, já que no início do ano passado a indústria passava pelo seu pior momento de crise.
O IBGE também ressalta que janeiro de 2017 teve dois dias úteis a mais que o mesmo mês de 2016, o que influenciou os dados para melhor.
Para Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, os dados apontam uma estabilidade, após um processo de moderação da piora ao longo de 2016.
Ele destaca o bom desempenho da indústria extrativa, principal responsável pelo resultado positivo. Beneficiado pela valorização dos preços no mercado internacional e pela dissipação dos efeitos negativos do desastre em Mariana (MG), o setor cresceu 12% em comparação com janeiro do ano passado.
Na análise dos últimos meses, bens de consumo semi e não duráveis também têm registrado taxas positivas, com expansão de 4,3% em dezembro e de 3,1% em janeiro em relação ao mês anterior.
Insumos típicos da construção civil também tiveram alta de 1,4% em relação a dezembro -o terceiro aumento consecutivo na comparação mês a mês.
“Tais dados reforçam nossa expectativa de que os investimentos apresentarão alta neste ano de 2,5%”, disse o Bradesco em relatório.
Por outro lado, bens de consumo duráveis, como carros, continuam com alta volatilidade: depois de expansões consecutivas de 4,3% e 7,4%, houve uma contração de 7,3% em janeiro na comparação com o mês anterior.
“A indústria se encontra em um estágio movediço, na antessala da recuperação, e está sujeita a revezes”, afirma Cagnin.
Para ele, uma melhora consistente depende de os bancos repassarem a queda nos juros à clientela e do aumento da demanda interna, uma vez que a valorização do real dificultou as exportações –válvula de escape do setor no ápice da crise.