*Por João Guilherme Vargas Netto
O BNDES, para comemorar os seus 60 anos, editou (segundo os jornais) um estudo sobre as perspectivas da economia brasileira com uma conclusão bastante significativa: a produtividade do trabalho deve dobrar ao longo da década atual.
Segundo o estudo, a produtividade média do trabalho evoluiu com uma média anual de 0,88% de 2000 a 2009. Pelas novas projeções a produtividade crescerá a uma média de 1,78% até 2020. O estudo destaca os efeitos positivos dessa evolução no investimento. Quero enfatizar um outro ângulo.
Com os dados do passado e as projeções sobre o futuro, o estudo do BNDES endossa a tese sindical da redução constitucional da jornada de trabalho, sem redução do salário, como possibilidade concreta e favorável à economia como um todo e aos trabalhadores em particular.
O aumento da produtividade do trabalho é o poderoso indicador da capacidade dos trabalhadores de serem produtivos ao serem explorados; com sua exploração, produzem mais valor e este é naturalmente apropriado pelos empresários.
Nada mais natural, também, que os trabalhadores queiram – garantida a produtividade – diminuir sua taxa de exploração. Isso se consegue com o aumento real de salário, mas esta conquista apenas realimenta o mecanismo, é circunstancial e compensada por mais exploração.
A verdadeira fórmula para beneficiar os trabalhadores e sua produtividade em alta é a redução da jornada, sem redução de salário, que significa um “tranco” para frente no valor da força de trabalho em geral. Mais pessoas trabalham menos tempo com a mesma produtividade.
Entre os vários desafios postos para o movimento sindical, a luta pela redução constitucional da jornada de trabalho, sem redução de salário, é estratégica; seus efeitos são imediatos e duradouros. O movimento sindical brasileiro é hoje o único a ter a possibilidade de tal conquista no mundo inteiro.