Para professor da Unicamp Guilherme Mello, Brasil também precisa discutir um novo modelo de distribuição de renda
Por Redação RBA
São Paulo – Além de precarizar a situação do trabalhador, a reforma trabalhista de Michel Temer (Lei 13.467) também aumentará o abismo da desigualdade social no Brasil. Essa é a análise de Guilherme Mello, economista e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em entrevista aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria na Rádio Brasil Atual, nesta segunda-feira (20).
O especialista destaca que, ao invés de se pensar em tirar de quem tem menos, a necessidade é de se discutir uma forma de distribuir mais renda, por meio de uma reforma tributária. “A reforma trabalhista dá mais benefícios aos quem têm mais, e tira de quem tem menos. A massa salarial não irá crescer, ou seja, não haverá crescimento econômico. Essas medidas só atacam quem tem menos e pioram a distribuição de renda”, critica.
O economista também comentou a projeção do banco Credit Suisse, em que o número de milionários brasileiros podem aumentar em 81% até 2022. De acordo com Guilherme, o golpe de 2016 tem influência nos dados.
“Essa tendência de concentração aparece em todos os países, a questão é: o que o Estado fará para mitigar essa tendência? Como aqui, depois do golpe, se ajuda muito os ricos, a tendência é crescer o número de super-ricos e também o número de pobres. Não teria problema ter mais milionários se houvesse, ao mesmo tempo, mais renda para os pobres e a classe média”, explica.
Ele lembra que a concentração de renda interfere no crescimento econômico, pois os ricos aplicam seus recursos no mercado financeiro, sem investir na criação de empregos. O professor também afirma que a distribuição de renda é provedora de bem estar social.
“As pessoas acham que a ideia é distribuir a pobreza, mas não é isso. Há condições de ter distribuição da riqueza e gerar crescimento econômico. A ideia de você ter uma sociedade mais igualitária é positiva também para o funcionamento do tecido social. Uma sociedade muito desigual é mais violenta, radicalizada”, diz.