O resgate de trabalhadores em situação análoga à escravidão em áreas urbanas foi, pela primeira vez, maior do que o feito em áreas rurais. De acordo com o relatório Conflitos no Campo 2013, divulgado nesta segunda-feira (28) pela Comissão Pastoral da Terra (CTP), dos 2.242 trabalhadores resgatados no ano passado, 1.153 mil (51%) foram encontrados exercendo atividades em áreas urbanas, especialmente envolvidos na indústria têxtil e na construção civil.
Em todos os relatórios da CPT, até o ano passado, o número de trabalhadores resgatados no campo era maior do que o nas cidades.
Para a Comissão, essa dinâmica se deve à intensificação da fiscalização nas áreas urbanas. Ainda assim, verifica-se que o aliciamento dos trabalhadores é feito no campo – majoritariamente em cidades das regiões Norte e Nordeste -, onde são encontrados casos de exploração em lavouras e em locais e em que há atividades relacionadas a desmatamento, reflorestamento, extrativismo vegetal, mineração e pecuária.
“Esta [dinâmica] está diretamente ligada à migração de camponeses para a cidade, em fluxos alimentados pela desterritorialização, concentração fundiária no campo e desigualdade social”, informou o documento.
No total, em 2013, foram verificados 141 casos de trabalho escravo no campo, 27 a menos do que em 2012, quando foram registrados 168 casos. Foram libertados mais de mil trabalhadores, pouco mais da metade dos 2 mil libertados em 2012.