FONTE: Assessoria de imprensa da Força Sindical RS
Renato Ilha |
A possibilidade da realização do Fórum Social Temático (FST), em 2013, na cidade de Porto Alegre, anunciada pelo prefeito da capital gaúcha, José Fortunati, foi presenciada pelo secretário-geral nacional da Força Sindical, João Carlos Gonçalves – o Juruna -, no encontro com representantes das centrais sindicais e lideranças do movimento social, ocorrido no auditório Senador Nelson Carneiro, da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (ALRJ), dia 19 de junho, dentro das atividades da Conferência das Nações Unidas pelo Desenvolvimento Sustentável (Rio+20).
Fortunati lembrou que o arcabouço de propostas levantadas no FST2012 – “Crise Capitalista, Justiça Social e Ambiental” – voltaram à mesa nos debates da Rio+20, declarando a vontade da prefeitura de “ser parceira no processo propositivo que caracteriza o Fórum Social Temático”. O prefeito enfatizou a disposição de dar apoio integral à execução do evento e oferecer o aporte necessário para o acontecimento de natureza global. Para ele, “deve prevalecer o interesse das pessoas e não o das corporações, fazendo valer a presença e a pressão social”.
FALSA MORAL – A experiência do FST2012 foi saudada por Juruna, pela convivência com a diversidade do pensamento de lideranças nacionais e internacionais, ressaltando a importância de o movimento sindical estar atento às questões que interessam aos trabalhadores e ao país. Ele alertou para a tentativa do que chamou de “engodo dos países centrais”, que tentam ditar regras às nações em desenvolvimento. O sindicalista denunciou o discurso que tenta impedir que países como Brasil e India fomentem seu desenvolvimento à base do petróleo e de fontes energéticas habitualmente utilizadas pelos ricos. “Não podemos alimentar discursos de falso progressismo, que vem de fora e contrariam nossa vocação para o crescimento”, protestou.
Juruna elogiou a posição da presidente Dilma Roussef, considerada “fundamental” por ele, ao colocar o tema do desenvolvimento sustentável com a distribuição do progresso para todos.
Sebastião Soares, da Nova Central, foi enfático ao afirmar que a questão ambiental é um problema real para os trabalhadores, que são os primeiros a sentir os efeitos da poluição. Soares citou a contaminação dos alimentos por agrotóxicos. Ele defendeu que o sindicalismo incorpore o assunto com radicalidade e lute por uma nova perspectiva de existência, atuando como principal agente da mudança.
Nilson Duarte Costa, que preside a UGT/RJ, relevou a democracia existente entre as centrais aliadas, novamente unidas em torno do importa à classe trabalhadora. “Se somos 200 milhões de técnicos de futebol, deveríamos ser o mesmo número de pessoas a cobrar de parlamentares e autoridades de uma plataforma realista para o Brasil”, falou.
Pronunciando a frase “ou morre o capitalismo, ou morre a terra”, característica em seu discurso, o deputado estadual fluminense Paulo Ramos, do PDT, voltou a fazer duras críticas ao modelo econômico. Na visão exposta, o desenvolvimento sustentável não se resume à preservação, mas deve ser um modelo distribuidor de renda, dizendo que “o povo é privado do essencial, que o impede de atingir a felicidade”.
Entre os presentes no evento, destaque para Lélio Falcão e Jane Argollo, coordenadores do FST2012; Nair Goulart, vice-presidente nacional da Força Sindical e presidente adjunta da Confederação Sindical Internacional (CSI); os secretários da prefeitura de Porto Alegre Cezar Busatto, de Governança Local; Pompeo de Mattos, do Trabalho e Emprego, e Luiz Fernando Záchia, do Meio Ambiente, mais a coordenadora da Gerência de Relações Internacionais, Daniely Votto Fontoura.
O DILEMA DAS CIDADES – Após o pronunciamento feito na ALRJ, Fotunati deixou o auditório para integrar a reunião do C40 – Grupo de de Grandes Cidades para Liderança do Clima – originalmente batizado de C20. Ao justificar a saída, o prefeito portoalegrense argumentou que as cidades ocupam papel preponderante na dinâmica do planetal, “onde tudo acontece”, disse. Problemas de coleta de lixo, transporte e as conseqüências sobre o meio ambiente, sentidas pelos indivíduos, são vivenciadas dentro do espaço urbano, declarou José Fortunati.
O C40, hoje integrado por 59 metrópoles, foi fundado após uma reunião de delegações de 18 cidades em outubro de 2005. O grupo representa 544 milhões de pessoas, o equivalente a 8 dos habitantes do mundo, e detém 20% da riqueza produzida no planeta, com um Produto Interno Bruto de 13 trilhões de dólares. As metrópolis do grupo são responsáveis pela emissão de 14% dos gases do efeito estufa.
As grandes cidades contém cerca de 50% da população mundial, consomem 75% da energia mundial e produzem 80% dos gases com efeito de estufa. O secretariado do grupo é baseado em Londres.