Salário de técnico é maior que o de recém-formado

4 de setembro de 2012
22h40
Jornal da Tarde

JOSÉ GABRIEL NAVARRO

Quem procura uma carreira com bons salários e perspectiva de crescimento tem mais chances de se dar bem caso opte por um curso técnico, em vez de um curso universitário. É o que mostra um levantamento feito pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) em 17 Estados e no Distrito Federal.

De acordo com o estudo, os profissionais técnicos mais buscados no Estado de São Paulo são projetistas e técnicos em manutenção. Os salários brutos iniciais nessas carreiras giram em torno de R$ 4,1 mil e R$ 3,5 mil, respectivamente.

Os valores são maiores que os salários de analistas de sistemas e designers iniciantes por exemplo, segundo o Senai. A organização não especifica quanto recebem por mês os novatos nessas duas outras profissões, que requerem curso universitário, mas é possível comparar a renda dos técnicos com os ganhos iniciais de outras categorias, listadas no gráfico ao lado.

De olho nas oportunidades para técnicos, o estudante Fernando Antonio Cracco Filho, de 25 anos, largou a faculdade de comércio exterior pela metade e veio de Birigui para a capital paulista no meio do ano passado para cursar um técnico em petróleo e gás. “É uma área que vai ser promissora por bastante tempo, e, como técnico, fica mais fácil de eu entrar no mercado de trabalho”, diz.

Ele espera conseguir emprego no ramo logo que concluir o curso, em dezembro, e quer ganhar pelo menos R$ 2,5 mil mensais. Em São Paulo, um iniciante na área de comércio exterior recebe em média R$ 1.568, se conseguir emprego em uma grande empresa, de acordo com dados de março deste ano da consultoria Millennium RH.

“É possível perceber uma demanda por profissionais com formação técnica em diversas áreas, com destaque em São Paulo para as de tecnologia da informação e de construção civil”, diz o gerente de integração da Catho Educação, Tiago Sereza. “As vagas estão voltadas para quem tem visão prática e capacidade de se atualizar com rapidez.”

O especialista afirma ainda que, ao escolher ingressar numa área técnica, é preciso estar pronto para renovar os conhecimentos e detectar novas demandas. “Os cursos técnicos abrem oportunidades em companhias que buscam gente com capacidade de contribuir com as necessidades imediatas do mercado. E é importante, sempre que possível, dar continuidade aos estudos para conseguir cargos de maior responsabilidade e evoluir na sua área de atuação”, completa Sereza.
A pesquisa do Senai aponta também que, mesmo após dez anos de experiência, os técnicos ganham mais que profissionais com diploma universitário.

Em São Paulo, por exemplo, a renda média de 21 carreiras técnicas, depois de uma década de trajetória, é de R$ 6.018,33. Segundo o Senai, isso é maior que o salário de um farmacêutico ou de um engenheiro mecatrônico com o mesmo tempo de experiência.

No mundo
Na visão do Senai, ainda falta se difundir no Brasil que o curso técnico é uma opção viável para quem deseja crescer profissionalmente. O Senai cita em seu relatório um levantamento da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), segundo o qual metade dos estudantes de países desenvolvidos opta por cursos profissionalizantes de nível médio, como os técnicos.

“No Brasil, esse volume é inferior a 30%”, aponta o Senai. Por outro lado, a OCDE indica que a procura por cursos técnicos em nações ricas é fruto de programas voltados para fomentar competências próprias para os mercados daqueles países.