Por Maíra Teixeira
Montadora chinesa diz que apresentará nova proposta de convenção coletiva nesta segunda-feira; Sindicado dos Metalúrgicos informa que Chery paga piso abaixo da categoria
Os cerca de 470 metalúrgicos da montadora Chery da unidade de Jacareí (SP), iniciaram uma greve na manhã desta segunda-feira (6), para pressionar a empresa a reconhecer a Convenção Coletiva da categoria, cumprindo assim os salários e direitos praticados no setor de montadoras da base do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos. A unidade está com a produção 100% parada. De acordo com o sindicato, a greve é por tempo indeterminado.
A montadora informou que apresentará uma nova proposta de convenção coletiva ainda hoje e que a paralisação tem duração prevista de 24 horas a partir desta manhã. A Chery tem negociado com o sindicato. O movimento de paralisação iniciado hoje responde a uma proposta convenção coletiva feita pela empresa aos trabalhadores em 25 de março.
Essa é a primeira fábrica da Chery fora da China e a primeira greve desde a inauguração, em agosto do ano passado. A linha de produção começou a funcionar em fevereiro para a fabricação do modelo Celer, versões Hatch e Sedan (que terá preços entre R$ 35 mil e R$ 40 mil). O modelo já era vendido no Brasil, mas de origem importada. O modelo nacional será lançado na semana que vem.
Desde que a fábrica iniciou suas atividades em Jacareí, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região vem negociando a assinatura da convenção coletiva com a Chery. Apesar disso, a empresa mantém a postura de se recusar a reconhecer os direitos da categoria e a própria legislação do País. A Chery informou que tem proposto avanços na convenção coletiva e que negocia com os trabalhadores.
O sindicato acusa a empresa de pagar salários inferiores aos praticados no ramo de montadoras, “piso salarial de R$ 1.199 para montador, enquanto um trabalhador com a mesma função na General Motors tem um salário inicial de R$ 3.500”, informa a entidade.
Além disso, o sindicato afirma que a empresa promove terceirização ilegal, falta de equipamentos adequados para execução de tarefas, desrespeitos às normas de saúde e segurança no local de trabalho e péssima qualidade da comida. “A empresa também se recusa a praticar a jornada de trabalho de 40 horas semanais e a assegurar estabilidade no emprego para vítimas de acidente de trabalho ou de doenças ocupacionais, como está previsto na Convenção Coletiva da categoria”, diz o comunicado.
“Os metalúrgicos não aceitam que a Chery continue desrespeitando os direitos conquistados com muito esforço. A montadora está em pleno funcionamento e, portanto, deve respeitar os direitos praticados na categoria”, afirma o presidente do Sindicato, Antônio Ferreira de Barros, o Macapá.