A tendência de redução do trabalho doméstico entre as mulheres da região metropolitana de São Paulo, observada em 2013 e 2014, se manteve no ano passado. Segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) a participação desse tipo de serviço no total da ocupação encolheu de 13,7% no período anterior para 13,1% em 2015, o menor nível da série, que começa em 1992.
O movimento de formalização do segmento, que começou nos anos 2000, também seguiu ganhando força. Segundo o levantamento, as mensalistas com carteira assinada passaram de 26,5% do total em 1992 para 40,9% em 2014 e 42,8% no ano passado. Maioria 20 anos atrás, as mensalistas sem carteira somaram 17,7% em 2015.
O estudo avalia que a dinâmica recente de redução no contingente de trabalhadoras domésticas deve continuar nos próximos anos, especialmente no atual período de baixo crescimento da economia e de consequente restrição no orçamento das famílias, variável da qual esse tipo de serviço depende exclusivamente.
Também pesa a questão da falta de renovação da mão de obra, já que o trabalho doméstico deixou de ser a principal forma de entrada no mercado de trabalho para as jovens de baixa renda.
“O aumento do nível de escolaridade das jovens ampliou suas opções de escolha por uma ocupação, permitindo dar preferência às que apresentem maiores chances de progresso e status profissionais, com mais ou melhores benefícios e maior remuneração”. Não por acaso, a participação daquelas com mais de 40 anos nesse tipo de serviço saltou de 29,7% em 1992 para 70,2% em 2015.
As mulheres negras mantêm-se como maioria no emprego doméstico (55,8%), proporção considerada elevada, já que a participação de negros na população economicamente ativa é de cerca de 38% na região metropolitana de São Paulo. “Assim, embora tenha se retraído nos últimos anos, [o trabalho doméstico] ainda é uma importante alternativa de inserção ocupacional para as mulheres, em especial as adultas, negras e com baixa escolaridade”.
O rendimento médio real por hora do total de empregadas domésticas, por sua vez, vem registrando altas consecutivas desde 2005 e avançou 4,6% em 2015. As mensalistas com carteira assinada passaram a receber, em média, R$ 7,59 por hora e as diaristas, R$ 10 por hora.
Quanto ao período de trabalho, a jornada média das mensalistas com carteira assinada, que era de 49 horas por semana em 1992, passou de 41 horas para 40 horas entre 2014 e 2015. As empregadas diaristas têm uma jornada diferenciada, geralmente mais extensa por dia de atividade, mas com menos dias trabalhados na semana, chegando, em 2015, a uma média de 24 horas semanais.